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B Fachada: “Sou sempre o punk no palco”

14 jun 2024 09:00

Das canções de Rapazes e Raposas aos temas de Zeca Afonso, sem esquecer “Kit de Prestidigitação” e “Estar à Espera ou Procurar”. O concerto de B Fachada, “pai do subúrbio”, promete marcar a noite de sábado no Festival A Porta

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“Tento sempre não dar as respostas para as minhas perguntas”
Duarte Amaral Netto (imagem editada a partir do original)

Nunca define o alinhamento e escolhe o repertório no momento, em sintonia com o público. “Estou sempre a medir a temperatura e a decidir para onde é que aquilo vai”. B Fachada é um dos destaques do Festival A Porta em 2024 e, além do álbum Rapazes e Raposas, o mais recente, deverá tocar, no Convento dos Capuchos, também “repertório antigo” com as canções “que as pessoas pedem”, por exemplo, “Kit de Prestidigitação” ou “Estar à Espera ou Procurar”, ambas de 2009. E, ainda, versões de Zeca Afonso, como “Coro da Primavera”, “Vejam Bem” ou “Os Fantoches de Kissinger”. É uma relação de década e meia que não tem fim à vista, diz ao JORNAL DE LEIRIA. “Encaro esse trabalho quase como um doutoramento prático que tenho estado a fazer em Zeca e que eventualmente há-de culminar numa gravação extensa”.

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eocupações sociais e políticas? “Também tenho, embora, o Zeca dizia, e eu concordo, que a música serve para intervir musicalmente, uma pessoa quando quer verdadeiramente intervir politicamente deve ir fazer política”.

“Há sempre uma componente de provocação e de pergunta”, concede. “Tento sempre não dar as respostas para as minhas perguntas, tento sempre pôr a pergunta de uma maneira honesta e sincera”.

Neste sábado, 15 de Junho, às 21 horas, será B Fachada só com guitarra e voz, “mais concentrado na letra”, que considera “a parte mais importante” da experiência.

“A música sai muito naturalmente e muito intuitivamente e não tenho intenções de intelectualizar; a letra, é no fundo, onde está a magia”.

Sozinho, mas, ainda assim, do rock. “Sou sempre o punk no palco”, comenta. “Estou ali para o pessoal se lembrar do que está a acontecer e estou bastante satisfeito com esse papel”.

É o regresso a Leiria do “pai do subúrbio”, com três crianças, que no ano passado actuou no castelo no contexto do ciclo de programação Ágora – o ano de 2023 terá sido, de resto, aquele em que mais tocou ao vivo, com cerca de 50 datas. E também por isso, não só por causa da paternidade, o próximo disco ainda é, por enquanto, uma incógnita.