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Banda desenhada recorda golpe das Caldas, “aventura” que permitiu o 25 de Abril
Foi a 16 de Março de 1974 que uma coluna saiu do então Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, em direcção a Lisboa, para derrubar o governo de Marcelo Caetano. Episódio está agora retratado em banda desenhada
Na madrugada de 16 de Março de 1974, uma coluna com cerca de 200 militares franquearam os portões do então Regimento de Infantaria 5 rumo a Lisboa, para derrubar o governo liderado por Marcelo Caetano.
Falharam, mas aquele que ficou conhecido como o golpe das Caldas acabou por ser uma espécie de prenúncio da liberdade. Cerca de 40 dias depois desta tentativa gorada, o 25 de Abril poria fim à ditadura, devolvendo aos portugueses “a dignidade perdida”.
A data, considerada como um evento “fortemente aglutinador do Movimento das Forças de Armadas (MFA)”, é todos os anos celebrada em Caldas da Rainha e tem agora lugar de destaque (10 páginas) no livro Nascida das Águas e o 16 de Março de 1974, apresentado sexta-feira passada no Centro Cultural e de Congressos (CCC).
Como consultores científicos, o autor contou com Vítor Carvalho, na altura militar que integrou a coluna que saiu do quartel, e Otelo Saraiva de Carvalho, que preparou a operação.
“Há pormenores deste episódio que não foram ainda contados. Por exemplo: que viatura tinha Otelo nessa altura? Um Morris 1100 branco, de matrícula ID-71-04. E ele tem isso tudo de memória”, disse ao JORNAL DE LEIRIA José Ruy. “E que roupa usava nas reuniões [de preparação do golpe]?”, questiona o autor.
No evento da semana passada, e perante uma plateia composta por centenas de alunos do concelho, José Ruy respondeu à questão que tinha deixado no ar: nas reuniões preparatórias da operação, Otelo vestia uma camisola de lã castanha por cima da farda, para não dar nas vistas.
“Foi uma aventura”, reconheceu o próprio Otelo Saraiva de Carvalho na cerimónia do CCC. O então major lembrou os vários episódios que antecederam e motivaram a tentativa de golpe, nomeadamente o livro Portugal e o futuro, da autoria do general Spínola, publicado em Fevereiro de 1974, pouco mais de um mês depois de ter sido empossado como vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
A obra, onde defendia que a única saída para a Guerra do Ultramar era uma solução política, “causou um estrondo enorme no País”, recordou Otelo Saraiva de Carvalho nas Caldas da Rainha.
António Spínola e Francisco da Costa Gomes viriam pouco depois a ser demitidos dos cargos que ocupavam, ao mesmo tempo que se promovia uma cerimónia de apoio ao regime pela chamada 'Brigada do Reumático', que integrava sobretudo idosos oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas. Pessoas que, recordou Otelo nas Caldas, “não representavam já os jovens capitãe
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