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Banda desenhada recorda golpe das Caldas, “aventura” que permitiu o 25 de Abril

24 mar 2018 00:00

Foi a 16 de Março de 1974 que uma coluna saiu do então Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, em direcção a Lisboa, para derrubar o governo de Marcelo Caetano. Episódio está agora retratado em banda desenhada

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Raquel de Sousa Silva

Na madrugada de 16 de Março de 1974, uma coluna com cerca de 200 militares franquearam os portões do então Regimento de Infantaria 5 rumo a Lisboa, para derrubar o governo liderado por Marcelo Caetano.

Falharam, mas aquele que ficou conhecido como o golpe das Caldas acabou por ser uma espécie de prenúncio da liberdade. Cerca de 40 dias depois desta tentativa gorada, o 25 de Abril poria fim à ditadura, devolvendo aos portugueses “a dignidade perdida”.

A data, considerada como um evento “fortemente aglutinador do Movimento das Forças de Armadas (MFA)”, é todos os anos celebrada em Caldas da Rainha e tem agora lugar de destaque (10 páginas) no livro Nascida das Águas e o 16 de Março de 1974, apresentado sexta-feira passada no Centro Cultural e de Congressos (CCC).

Como consultores científicos, o autor contou com Vítor Carvalho, na altura militar que integrou a coluna que saiu do quartel, e Otelo Saraiva de Carvalho, que preparou a operação.

“Há pormenores deste episódio que não foram ainda contados. Por exemplo: que viatura tinha Otelo nessa altura? Um Morris 1100 branco, de matrícula ID-71-04. E ele tem isso tudo de memória”, disse ao JORNAL DE LEIRIA José Ruy. “E que roupa usava nas reuniões [de preparação do golpe]?”, questiona o autor.

No evento da semana passada, e perante uma plateia composta por centenas de alunos do concelho, José Ruy respondeu à questão que tinha deixado no ar: nas reuniões preparatórias da operação, Otelo vestia uma camisola de lã castanha por cima da farda, para não dar nas vistas.

“Foi uma aventura”, reconheceu o próprio Otelo Saraiva de Carvalho na cerimónia do CCC. O então major lembrou os vários episódios que antecederam e motivaram a tentativa de golpe, nomeadamente o livro Portugal e o futuro, da autoria do general Spínola, publicado em Fevereiro de 1974, pouco mais de um mês depois de ter sido empossado como vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.

A obra, onde defendia que a única saída para a Guerra do Ultramar era uma solução política, “causou um estrondo enorme no País”, recordou Otelo Saraiva de Carvalho nas Caldas da Rainha.

António Spínola e Francisco da Costa Gomes viriam pouco depois a ser demitidos dos cargos que ocupavam, ao mesmo tempo que se promovia uma cerimónia de apoio ao regime pela chamada 'Brigada do Reumático', que integrava sobretudo idosos oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas. Pessoas que, recordou Otelo nas Caldas, “não representavam já os jovens capitãe

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