Economia

Bolo-rei, a iguaria que torna mais doce o ano das pastelarias

24 dez 2015 00:00

Na quadra de Natal manda a tradição que se coma bolo-rei. Os portugueses não dispensam esta iguaria, cuja produção assume um peso de relevo para muitas pastelarias da região

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Raquel de Sousa Silva

Esta semana, funcionários e responsáveis de muitas fábricas de pastelaria da região andaram numa roda viva para dar resposta à procura de bolo-rei, doce tradicional nesta altura do ano, cujo nome está ligado aos três reis magos.

Com ou sem fava, com brinde ou sem ele, tradicional ou escangalhado, é um produto que mantém um peso considerável no volume de negócios anual de muitas pastelarias. A Confeitaria Vale, em Pombal, produz por ano 30 toneladas de bolo-rei. Quase todo para exportação.

O principal destino é o chamado mercado da saudade, em países como Alemanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Suíça e Inglaterra. O pouco que fica no mercado nacional é para integrar cabazes de Natal. Helena Vale, uma das responsáveis, reconhece que este produto tem um peso “muito grande” na facturação anual.

“Começámos a produzir bolo-rei porque esta época era muito fraca para nós. As nossas cavacas e beijinhos não se vendiam muito. A aposta no bolo-rei veio transformar esta altura na época de mais trabalho”, diz a gestora.

Na empresa de Pombal apenas se produz o bolo-rei tradicional (massa específica, com frutos secos e frutas cristalizadas) - “não temos capacidade para produzir outros”. A produção começa em Outubro e prolonga-se até meados de Dezembro. Além do “esforço suplementar” dos colaboradores habituais, a empresa costuma contratar pelo menos mais duas pessoas nesta altura.

A Aldeia dos Sabores, em Leiria, produz em média dez toneladas de bolo-rei, cujas vendas representam cerca de 3% do total, aponta Carlos Agostinho. O gerente diz que nesta época, além do bolo-rei tradicional, também se vendem bem fritos como as rabanadas e os coscorões.

“A época de Natal tem uma importância significativa nas vendas, não só pelo bolo-rei mas pelo conjunto da doçaria que confeccionamos, que é muito variada”, refere Helder Pires, da Pastelaria Pires. Esta empresa de Leiria produz cerca de três toneladas, para si e para supermercados e revendedores.

Tradicional, bolo rainha (frutos secos em vez de cristalizados) e bolo das Beiras (uma espécie de escangalhado, com frutos secos e chila) são as principais apostas desta empresa, que está constantemente a inovar e recentemente obteve um prémio na categoria inovação no concurso promovido pela Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares.

Neste mesmo evento, o bolo-rei tradicional (com frutos secos e frutas cristalizadas, fava e brinde) da Alcoa ganhou o título de melhor bolo-rei de Portugal. Além deste, o que a empresa de Alcobaça mais vende é o chamado bolo-rei recheado Alcoa, recheado com doce de ovos, fios de ovos, chila e amêndoa e decorado com frutos secos e abacaxi.

“Esta é uma altura boa de vendas, tanto do bolo-rei como de outros doces”, reconhece Paula Alves. A gerente recusa-se a falar de quantidades e de preços, mas admite que “é importante” ter bolo-rei para apresentar ao mercado nesta época.

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