Sociedade

Bruno Horta uniu comunidade maker para imprimir gratuitamente em 3D viseiras de protecção contra o Covid-19, a partir de casa

24 mar 2020 09:29

Jovem de Leiria criou os protótipos e partilhou-os na internet. Empresas de moldes da Marinha Grande aliam-se à causa

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Viseiras podem ser criadas com recurso a acetato, um elástico e um suporte impresso em casa
Movimento Maker Portugal
Jacinto Silva Duro

Bruno Horta, licenciado em Engenharia Informática pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Politécnico de Leiria, é o fundador do Movimento Maker Portugal, um grupo que junta pessoas de todos os quadrantes e latitudes, apaixonadas pela impressão 3D, e está à frente de uma iniciativa para manufacturar, em impressoras 3D, viseiras de protecção para quem está na linha da frente da luta contra o Covid-19.

O jovem, que também esteve envolvido no esforço dos Politécnicos de Viseu e de Leiria, para criar protótipos de ventiladores, percebeu que “se nos protegermos todos, precisaremos de menos ventiladores” e colocou-se em campo, em busca de projectos opensource – livres de custos e de direitos de autor, e passíveis de serem alterados - de viseiras de protecção, que possam ser utilizadas em conjunto com máscaras e toucas médicas.

Para as criar, é preciso apenas uma folha grossa de acetato transparente, um elástico, um furador de papel e filamento de impressão para a impressora 3D, material de baixo custo (embora, infelizmente, muitas empresa estejam a aumentar o preço, devido à procura.) 

Ao fim de algum tempo, Bruno tinha nas mãos uma protecção que pode ser utilizada por profissionais de Saúde, forças de segurança, Protecção Civil e lares e, basicamente, por todos os que tiverem de lidar com a doença, na linha da frente.

Um dos protótipos da viseira criada por Bruno Horta
O que é o Movimento Maker Portugal?

Fundado há dois anos por Bruno Horta, o Movimento Maker Portugal junta pessoas da Região Centro, Portugal, do Brasil e de outros países.
 
Ao todo, são oito mil os elementos desta comunidade de gente apaixonada pela impressão 3D, que lhes permite, com impressão em impressoras caseiras 3D, criar ferramentas, brinquedos, jogos, materiais de protecção pessoas e tudo o que a imaginação abarque, a partir dos seus lares. 

Percebeu, contudo, que, muitos delas, após impressas e até de compra, eram verdadeiras “máquinas de tortura”, por serem tão desconfortáveis. Pegou nos desenhos e começou a melhorá-los, apelando ao Movimento Maker, para o auxiliar. 

Teve uma resposta muito positiva e, neste momento, com a 13.ª iteração da viseira nas mãos, que permite um ajuste, para cima e para baixo na linha da testa, continua com testes que o vão levar à versão final. 

O objectivo é que, quando a tiver, empresas de moldes da Marinha Grande a produzam em larga escala e a custo zero ou muito reduzido. 

“Já contactei com várias e a resposta foi positiva.”

Mas há outra frente de batalha, com material a ser produzido a partir de casa.

Bruno melhora o design, partilha na comunidade maker e, imediatamente, os elementos começam a fabricar, nas suas impressoras, os dispositivos de protecção, com o apoio de pessoal de saúde que os orientam de acordo com as suas necessidade. 

“Ontem, já foram testadas no Hospital de Santo André, em Leiria, mas ainda espero pelo feedback”, explica, salientando que vários lares e unidades de saúde se têm disponibilizado para pagar as viseiras, mas Bruno nem quer ouvir falar em dinheiro.

Bruno Horta, fundador do Movimento Maker Portugal

 

Estamos a oferecê-las gratuitamente. De ontem para hoje, já produzi mais 30, para testes. As pessoas oferecem e deixam-me à porta o elástico e o acetato, para eu utilizar.” 

A nível mundial, o exemplo de Bruno está a contagiar outros makers, que estão a utilizar o desenho que o jovem ofereceu à comunidade. 

A partir de casa, sem grandes custos e com algum equipamento, todos podem ajudar, como comprova o exemplo deste jovem de Leiria.