Sociedade

Casa nova, vida nova

20 mai 2016 00:00

Ivima, a antiga unidade industrial foi emparedada há dez anos colocando ponto final no maior centro de consumo e de tráfico de droga da região. Requalificado, o emblemático edifício acolhe hoje inúmeras associações que trabalham todos os dias

(Fotografia: Ricardo Graça)
Ana Patrícia Quintanilha (Fotografia: Daniela Rino)
Ana Patrícia Quintanilha (Fotografia: Daniela Rino)
Ana Patrícia Quintanilha (Fotografia: Daniela Rino)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Ricardo Graça)
(Fotografia: Daniela Rino)
(Fotografia: Daniela Rino)
(Fotografia: Daniela Rino)
Daniela Franco Sousa

Desde que deu início à produção de cristalaria, em 1895, e até que cessou actividade, em 1999, a Ivima conheceu anos de grande prosperidade, tornando-se numa das principais empregadoras da Marinha Grande. Mas o que as paredes deste emblemático edifício vieram a testemunhar, alguns anos depois, foi um dos piores cenários de degradação que o ser humano pode conhecer.

Centenas de pessoas, vindas de todo o País, passaram a ocupar a antiga fábrica vidreira para consumir e para traficar droga, para dormir e para viver. A ocupação da Ivima terminou há precisamente dez anos, quando a fábrica foi emparedada. O imóvel foi recuperado e doado pela BA Vidros à câmara municipal. Em 2013, a autarquia cedeu parte do edifício a várias associações do concelho, em regime de comodato, para que ali pudessem desenvolver as suas actividades na área da saúde, educação e intervenção social, entidades que ali se instalaram nos dois anos seguintes.

Entre as instituições que vieram dar vida nova à Ivima está a Associação Novo Olhar II, dirigida por Ana Patrícia Quintanilha, que bem conheceu o drama vivido entre as paredes da fábrica. “O que aqui acontecia era uma versão do Casal Ventoso”, recorda a directora, que durante esses anos, com a equipa da Novo Olhar, trabalhava com esta população, na motivação para o tratamento, na implementação do programa de troca de seringas, na distribuição de material asséptico e na tentativa de reinserção.

Era uma situação “catastrófica”, um local “perigoso”, onde chegaram a deflagrar incêndios, relata Ana Patrícia Quintanilha. O documentário A Pele, realizado por Álvaro Romão em 2005 para a associação, veio a cumprir um papel determinante, ao revelar à opinião pública o que se passava no interior do edifício, salienta a directora. O Instituto da Droga e da Toxicodependência abriu o Centro de Atendimento a Toxicodependentes na Marinha Grande, a Novo Olhar pediu auxílio ao Programa de Luta Nacional contra Sida para abrir o centro sócio-sanitário Porta Azul e a Ivima foi emparedada no ano seguinte.

A toxicodependência não desapareceu com o fim da Ivima, mas muitas pessoas voltaram aos seus locais de origem, outras foram detidas e outras foram integradas em programas de reabilitação. Eles melhoram o concelho Actualmente a Novo Olhar II partilha uma sala da Ivima com a Associação de Jovens da Marinha Grande e com a Associação de Desenvolvimento e Cooperação Atlântida.

É este espaço que a ANO II usa como escritório, para promover acções de educação para a saúde, pequenas formações, reuniões de parceiros e para realizar alguns atendimentos a utentes. “Continuamos a prestar apoio psicossocial, apoio à reinserção e ainda trabalhamos com antigos utilizadores da Ivima”, nota a directora, que nunca pensou assistir à reabilitação daquele imóvel.

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