Sociedade

Cegueira não o travou. Adelino Novais tornou-se psicólogo e maratonista

10 nov 2024 12:00

Quando perdeu a visão, aos 29 anos, sentiu que “o mundo tinha acabado”. Mas não. Voltou à escola, concluiu o 12.º ano e licenciou-se em Psicologia, área em que trabalha actualmente na prisão de Leiria

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Mozart, cão-guia, torna o dia-a-dia de Adelino Novais mais fácil
Ricardo Graça
Maria Anabela Silva

Aos 29 anos, uma doença degenerativa da retina tirou-lhe a visão. Empresário agrícola, numa pequena aldeia de Fafe, Adelino Novais, hoje com 54 anos, sentiu que “o mundo tinha acabado”. Mas não. Estava apenas a mudar-lhe o rumo. Regressou à escola, para concluir os estudos do básico e do secundário, através do ensino recorrente, e, quatro anos depois, entrou na Universidade do Minho, onde se formou em Psicologia. Começou também a praticar o atletismo, modalidade onde se especializou na maratona. Hoje, vive em Caldas da Rainha e é psicólogo no Estabelecimento Prisional de Leiria Jovens.

É junto à entrada da cadeia que decorre a entrevista, no final de mais um dia de trabalho, que começou bem cedo, para Adelino poder apanhar o autocarro, o serviço Rápida Rosa que liga Leiria e Caldas da Rainha. A acompanhá-lo encontra-se Mozart, o cão-guia que está com ele desde 2018. “Somos inseparáveis”, confessa o psicólogo, que começa por recordar o choque que sofreu quando ficou cego. “Não havia solução para o problema da retina. Tinha perdido a visão. Não podia continuar a ser agricultor e os estudos eram poucos [6.º ano]. Foi como se o mundo tivesse acabado.”

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