Saúde
Cerca de 70 mil utentes na ULS da Região de Leiria sem médico de família
ULS tem vindo a tomar medidas para colmatar a situação e ajudar utentes sem os profissionais
Cerca de 70 mil dos 414 mil utentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria não têm médico de família atribuído e a “situação mais expressiva acontece nos concelhos de Leiria e Ourém”, revelou esta entidade.
Segundo informação disponibilizada nas redes sociais, na sequência de uma reunião com autarcas em Ourém, lê-se que, “atualmente, no universo de mais de 414 mil utentes da ULS, cerca de 70 mil continuam sem médico de família atribuído, sendo a situação mais expressiva nos concelhos de Leiria e Ourém”.
À agência Lusa, o presidente da ULS, Manuel Carvalho, garantiu hoje que o conselho de administração herdou, “no início do ano, uma situação com cerca de 100 mil utentes sem médico de família”, numa altura em que eram 400 mil os utentes.
“Atualmente, (…) estamos com uma média de cerca de 1.100 a 1.200 novos inscritos por mês”, destacou, para salientar que a ULS tem “mais 14 mil utentes do que em janeiro”, sendo que no fim deste ano serão necessários “mais dez médicos de família”.
Este responsável notou que este ano a ULS conseguiu, no concurso nacional em maio, a “colocação de 25 médicos de família”.
“Fomos a [ULS] que tivemos mais médicos de família, ou seja, conseguimos arranjar médicos de família para 40 mil pessoas”, realçou, salientando que, por causa do crescimento populacional, já se está, outra vez, com 70 mil utentes sem médico de família atribuído.
Contudo, ressalvou que na ULS há várias medidas para colmatar esta situação e “dar apoio a esses doentes sem médico de família”, como a Bata Branca, que garante consultas a utentes sem aqueles profissionais, em colaboração com misericórdias e autarquias.
“Temos os médicos aposentados. A tutela dá uma quota anual para cada ULS de número de contratos com médicos aposentados”, adiantou, explicando que, a somar a estas medidas, existe ainda a teleconsulta, iniciada em fevereiro, em Ourém, e alargada a Leiria.
Neste caso, realçou a “taxa de adesão entre 80% e 85% dos utentes à teleconsulta”.
“Com esses três mecanismos estamos a dar resposta aos tais 70 mil [utentes] que não têm médico de família”, declarou.
O presidente do conselho de administração acrescentou ter uma “boa expectativa” no próximo ano, pois há “16 médicos especialistas que vão fazer exame” e a ULS conta “ficar com a maior parte deles”.
“Isso vai dar-nos uma cobertura muito mais alargada”, antecipou, frisando que a ULS tem conseguido “captar médicos de outras ULS”, trabalho que prossegue.
Manuel Carvalho sublinhou ainda a criação de condições, “com o apoio das próprias autarquias”, para assinalar que os municípios têm feito “um trabalho de captação” de médicos de família através da disponibilização de incentivos, com apoios a vários níveis.
“E a nossa expectativa é a de que para o ano, também com a mesma metodologia, conseguirmos também captar mais médicos. Não posso garantir que vamos ficar com toda a cobertura, mas, pelo menos, vamos melhorar bastante”, assegurou.
Manuel Carvalho reiterou que “o não ter médico de família não quer dizer que a pessoa não tenha acesso aos cuidados de saúde”.
A área de influência da ULS da Região de Leiria corresponde aos concelhos de Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Ourém, Pombal e Porto de Mós. Compreende três hospitais (Leiria, Pombal e Alcobaça) e dez centros de saúde.