Sociedade
Cientista de Leiria desenvolve vacina contra a malária
António Mendes integra equipa de investigação
Uma equipa de investigadores portugueses alterou geneticamente um parasita da malária que “infecta ratinhos” para ajudar a combater esta doença nos seres humanos.
Os cientistas “disfarçaram”, com “uma espécie de casaco de moléculas do parasita da malária humana”, o seu congénere que ataca o ratinho e que é inócuo para o Homem.
Deste modo, o sistema imunitário, ao combatê-lo, cria, sem risco de doença, anticorpos capazes de imunizar os humanos.
Esta é a estratégia usada numa vacina que está a ser testada por portugueses na Holanda, numa investigação liderada por Miguel Prudêncio, do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. António Mendes, natural de Leiria, é um dos investigadores da equipa e explica que o que está a ser feito é “uma alternativa à utilização do Plasmodium falciparum”, uma das cinco espécies de Plasmodium conhecidas, que infecta humanos.
“Em vez de usarmos uma subunidade ou uma forma atenuada do parasita humano para vacinar, usamos um parasita inteiro da mesma família mas que não infecta humanos.
É um parasita que infecta ratinhos, mas que é capaz de ensinar ao sistema imunitário as características particulares do parasita da malária.” É isto que diferencia esta investigação de outras já realizadas.
Há vários anos que se tenta desenvolver uma vacina contra a malária, doença que pode não matar mas que “é um agente perpetuador de pobreza”, adianta o investigador.
“As pessoas passam muitas semanas por ano doentes e as crianças passam muitos dias infectadas, com pequena sintomatologia e outros sintomas, que impedem que estejam na plenitude das suas capacidades. E isso impede o desenvolvimento económico.”
Ensaio clínico decorre na Holanda
O projecto, que começou em 2011, foi apresentado à Fundação Bill & Melinda Gates que tem vindo a financiá- lo. Neste momento está a decorrer o ensaio clínico na Holanda e os testes laboratoriais anteriores foram bastante positivos.
António Mendes refere que o ensaio clínico está a ser feito com um grupo de voluntários saudáveis. Primeiro, é testada a “segurança do produto”, em que se analisam as reacções adversas.
“Começa-se com uma dose muito pequena, faz-se a monitorização e, se tudo correr bem, aumenta-se a dose”, explica o investigador. E repete-se o processo até se chegar à dose escolhida inicialmente, que os investigadores consideraram ser “a ideal”.
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