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De Cabo Verde a Leiria, a viagem do funaná, coladeira e batuque de Judepina até ao palco do Miguel Franco
Nascido em Cabo Verde, o artista combina ritmos do seu país natal para retratar o dia-a-dia dos camponeses da ilha de Santiago
Nascido numa família de músicos da ilha de Santiago e filho de “um dos grandes músicos da música tradicional cabo-verdiana”, o percurso musical de Judepina pode parecer traçado desde nascença. Contudo, a história não é assim tão simples. “Não gostava de música - aliás, não sabia que gostava de música”, admite o artista, que, aos 15 anos, descobriu o gosto pela arte musical e aderiu ao grupo coral da paróquia.
Amanhã, dia 26, no palco do Teatro Miguel Franco, Leiria terá a oportunidade de ver e escutar este talento vindo do arquipélago da morna e da coladeira.
Em 2003, com 21 anos, Judepina mudou-se para Portugal, motivado pela espiritualidade e busca de concretização de uma vocação e acabou por se fixar em Leiria.
Ainda passou pelo seminário da cidade, porém, nunca deixou arrefecer as suas ambições musicais. Durante dois anos, foi membro do Orfeão de Leiria, mas saiu para prosseguir um percurso mais “pessoal”. “Guitarra clássica não era bem o que eu queria”, afirma o músico, que, adianta ter preferindo explorar géneros na área da fusão, do jazz e do blues.
Este ecleticismo é um traço notável do álbum de estreia de Judepina. Lançado em Agosto de 2021, “Pé na txon” combina ritmos de coladeira, funaná, batuque, soukous, entre outros, que podem ser encontrados no panorama musical do país de origem do artista.
Os temas do álbum reflectem “o dia-a-dia do povo camponês do interior da ilha de Santiago”, afirma o cantor, citando a “saudade do retrato de Cabo Verde”, que sentiu quando saiu do país, como força inspiradora. “O título [“Pé na txon” ou pé no chão, em crioulo cabo-verdiano] significa que estamos conscientes das nossas dificuldades, mas trabalhamos todos os dias com as disponibilidades que temos para alcançarmos algo na vida”, salienta Judepina.
É este o espírito que o artista espera trazer ao Teatro Miguel Franco, na sua segunda actuação naquele espaço. "Esta é a comemoração do culminar de uma meta que coloquei aos 15 anos na minha cabeça, o de gravar um álbum”, afirma o cantor, que deseja celebrar o objectivo com sala cheia.
O espectáculo terá início às 21:30 horas de amanhã e os bilhetes estão disponíveis no site e na bilheteira do Teatro José Lúcio da Silva.