Sociedade

Deputado do Chega eleito por Leiria quer cumprir mandato fora ou dentro do partido

28 ago 2022 16:25

Gabriel Mithá Ribeiro, eleito por Leiria, demitiu-se de vice-presidente do Chega, mas quer negociar com André Ventura

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Mithá Ribeiro diz que o seu afastamento do gabinete de estudos mostra “clara falta de confiança do presidente”
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“Seja qual for o desfecho deste cenário, cumprirei o mandato até ao final da legislatura e sem abdicar da autonomia do trabalho que desenvolvo no distrito para o qual fui eleito, o distrito de Leiria” – as palavras são de Gabriel Mithá Ribeiro, numa conferência de imprensa com limite de número de perguntas.

“Para já fico, na condição de iniciarmos conversas, negociações o mais breve possível. Entreguei ao presidente André Ventura um texto escrito, claríssimo, a explicar e a fundamentar as minhas posições e a apresentar propostas de soluções”, acrescentou ontem, sábado, em declarações aos jornalistas.

Gabriel Mithá Ribeiro, deputado do Chega, eleito por Leiria, demitiu-se de vice-presidente do partido, na segunda-feira, na sequência do afastamento do cargo de coordenador do gabinete de estudos, lugar que foi ocupado “provisoriamente” por André Ventura.

Sobre as alegadas agressões que terão acontecido com um colega de bancada, Mithá Ribeiro não confirma nem desmente. “Poderá esclarecer essa questão com o deputado a que se referiu. Temos o direito de preservar a nossa intimidade, dignidade e espaço de privacidade. É a nível interno que a questão tem de ser resolvida”, respondeu, quando questionado.

Agora, garante que cumprirá o mandato dentro ou fora do partido, seja em que circunstância for.

Gabriel Mithá Ribeiro assegura que vai reunir com o presidente do partido e que entrará em negociações para serem “encontrados pontos de aproximação concretos”.

A situação, espera, “tem de estar definida o mais breve possível, antes do início dos trabalhos parlamentares”, para poder “trabalhar com tranquilidade, independentemente de continuar no grupo parlamentar do Chega”.

O deputado eleito por Leiria considera que o seu afastamento do gabinete de estudos foi uma “clara falta de confiança do presidente” à sua pessoa.

No entanto, abdicar do mandato não é opção.

“Isso não é sequer discutível. Agora também não estou disposto para uma negociação vã meramente abstracta. Ele [André Ventura] tem tido abertura para conversarmos e isso não está em causa. A questão é que essas conversas se traduzam em consequências práticas”, reforçou.

André Ventura justificou a saída de Mithá Ribeiro com uma “reestruturação” e o deputado eleito por Leiria confirma que essa “reestruturação estava pensada”, mas afirma que o afastamento do gabinete de estudos não se encontrava previsto. O regresso é um dos pontos a negociar.

Sobre André Ventura, é “o principal responsável pelos principais sucessos do partido, o que nem sequer é discutível, mas também é o principal responsável pelo adiamento de soluções internas que podem a prazo prejudicar seriamente” o partido, diz Mithá Ribeiro, considerando que o Chega “não é apenas o partido do líder”.

“Somos uma identidade colectiva sujeita a um primado moral, a autoresponsabilidade”, referiu.

“Todos conhecemos os sintomas: desentendimentos internos, suspeições, expulsões e conflitos”, apontou, defendendo a abertura do Chega “aos independentes e pensadores”.