Sociedade

Em busca das gralhas-de-bico-vermelho do PNSAC

4 jun 2016 00:00

JORNAL DE LEIRIA acompanhou acção de monitorização de uma espécie cada vez mais rara

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O céu azul estende-se a perder de vista e, não fora o vento agreste, estaria um dia de Primavera perfeito.

O ponto de encontro com Francisco Barros, vigilante da natureza, é na Marinha da Mendiga, junto à sede do CASSAC (Centro de Apoio Social das Serras de Aire e Candeeiros).

Daí, partimos em direcção à designada costa da Mendiga, para mais uma acção de monitorização da gralha-de-bicoverme-lho no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), uma das poucas zonas do País onde ainda subsistem pequenos núcleos da espécie, que, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados em Portugal, se encontra “em perigo”.

As estimativas apontam para a existência de 700 a 1000 exemplares no País, sendo que entre 120 a 130 povoam os céus e os algares do Planalto de Santo António, em pleno PNSAC.

Quando o projecto de monitorização começou, há cerca de 20 anos, ainda era possível encontrar gralhas-de-bico-vermelho na Serra dos Candeeiros, mas, nos últimos anos, a espécie têm-se concentrado naquele planalto.

A culpa, explica Francisco Barros, é da proliferação de pedreiras na zona dos Candeeiros e do abandono do pastoreio, que provoca a “alteração do habitat”, com o crescimento dos matos.

“As zonas preferenciais de  alimentação estão localizadas em São Bento e Serro Ventoso, onde ainda há áreas sem mato, o que lhes permite procurar alimento mais facilmente”, explica o vigilante da natureza, frisando,  no entanto, que, apesar dessa mudança, o número de exemplares na área do PNSAC têm-se mantido “mais ou menos estável” ao longo dos últimos anos.

Para combater a tendência de decréscimo registada a nível nacional, o PNSAC tem vindo a desenvolver um conjunto de medidas de conservação da espécie, que passam, por exemplo, por fogos controlados durante o Inverno, de forma a criar zonas de alimentação, e pela desobstrução de algares e limpeza da vegetação à entrada dessas cavidades. “Aqui, a gralha-de-bico-vermelho nidifica apenas em algares.

É uma das particularidades da espécie nestas área protegida. Fazem os ninhos nas cavidades laterais dos algares, com paus revestidos de lã de ovelha”, conta Francisco Barros, enquanto aguarda que o casal que ocupa o primeiro algar visitado naquele dia termine a alimentação das crias.  

“Nesta época do ano, quando os dois elementos do casal andam no exterior, à procura de alimento, significa que o nascimento já ocorreu”, explica. São sinais que o vigilante foi aprendendo a desvendar ao longo de anos de monitorização das gralhas-de-bico-vermelho no PNSAC. “É um trabalho de paciência e de muita espera”, diz, junto a um outro algar onde procura vestígios de ocupação. 

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