Sociedade

Ensino obrigatório até ao 12.º ano gerou jovens mais formados

11 mai 2018 00:00

Manter os alunos mais anos na escola melhorou a sua formação e atribuiu-lhes mais competências para o mercado de trabalho.

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Cerca de uma década depois da entrada em vigor da lei que obriga os jovens a estarem na escola 12 anos ou até completarem 18 anos, o balanço é positivo.

Se para muitos continua a ser um sacrifício estudar e ir para a escola todos os dias, a verdade é que muitos destes jovens garantem uma formação superior àquela que teriam se tivessem saído do ensino no 9.º ano de escolaridade.

As escolas adaptaram-se a estes jovens, oferecendo-lhes, sobretudo, mais resposta no ensino profissional, ajudando-os a qualificarem-se numa área específica, o que lhes poderá ajudar a abrir mais portas no mercado de trabalho.

Alguns deles, até acabam por mudar os seus objectivos e prosseguem estudos inscrevendo-se num curso técnico superior ou mesmo numa licenciatura. O despacho que aumentou a escolaridade obrigatória – que era até ao 9.º ano ou 16 anos - foi assinado por José Sócrates, primeiro-ministro em 2009.

 Desde então a taxa de abandono escolar precoce diminuiu e está agora nos 12,6%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelados em Fevereiro pelo Ministro da Educação no Parlamento.

“O Governo congratula-se com a descida do abandono escolar precoce para 12,6% e felicita quem tem grande mérito por esta descida: as escolas, os seus professores, os seus funcionários, as comunidades que contribuem para que haja cada vez mais alunos a concluir a escolaridade obrigatória”, sublinhou Tiago Brandão Rodrigues, citado pela Lusa.

O ministro da Educação lembrou que, no início da década passada, Portugal tinha uma taxa de abandono próxima dos 40%, acrescentando que “o objectivo é chegar a 2020 com apenas 10%”.

Com maior ou menor dificuldade, as escolas souberam adaptar-se a uma nova realidade e hoje concluir o 12.º ano é tão normal, como era terminar o 9.º ano há 20 anos. “No início o impacto foi grande para alguns professores do secundário, que não estavam habituados a ter alunos que não gostavam de estudar. No ensino básico, os docentes já se tinham adaptado, quando a escolaridade passou a ser obrigatória até ao 9.º ano e o mesmo caminho foi preciso fazer no secundário”, adianta Alcino Duarte.

O director do Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira, em Leiria, garante que se para alguns colegas foi “um choque”, para outros a adaptação foi natural e “encontraram estratégias para lidar com estes alunos” que têm dado resultados. “Os alunos tinham de estar na escola e nós tínhamos de lhes dar resposta”, sublinha Alcino Duarte.

A escola foi obrigada a modificar algumas regras. “Por exemplo, antes o aluno chumbava por faltas e não aparecia mais”, explica. “Hoje, mesmo que isso suceda, se não tiver 18 anos, o jovem tem de permanecer obrigatoriamente na escola. Pode não ir às aulas, mas terá actividades alternativas. Obviamente, isso levou-nos a um reajustamento”, revela o director.

Ermelinda Mendes acrescenta que o Agrupamento de Escolas de Ansião passou a integrar mais turmas no ensino secundário. A directora diz ainda que a resposta da escola traduziuse na “oferta formativa de cursos profissionais”.

“No caso concreto deste agrupamento, a indisciplina não aumentou e os alunos adaptaram-se com facilidade, não contestando este facto, entendendo que tal contribuiu para a sua formação futura”, garante, ao afirmar que também os professores estão “adaptados a esta nova realidade”.

Substituímos aquela ideia de castigar por um reforço positivo e um trabalho de proximidade com os alunos
Alcino Duarte
director


Temos cidadãos com maior nível de escolarização e que estarão mais próximos de ingressar num curso superior
Ermelinda Mendes
directora

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