Sociedade

Ensino profissional está, cada vez mais, a atrair bons alunos

18 mai 2018 00:00

Um ensino mais prático, que disponibiliza estágios, oferece competências e permite a entrada imediata no mercado de trabalho está a conquistar alunos com bons resultados escolares, esbatendo-se o estigma de que esta é uma via para os ‘maus’ estudantes.

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“No 9.º ano não tinha bem a ideia de qual via de ensino ia escolher. Era um aluno razoavelmente bom. Sabia que iria para Ciências e Tecnologias ou para programação informática no ensino profissional. Tentei perceber qual das duas me iria dar uma melhor preparação para prosseguir estudos no ensino superior, que foi sempre um objectivo.”

As palavras são de André Mártires, aluno que concluiu o curso profissional de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas informáticos na Escola Secundária Domingos Sequeira, em Leiria, com média de 14 valores. A opção do jovem foi por um ensino menos teórico, que lhe dará mais bases na licenciatura de Engenharia Informática, a que vai concorrer este ano.

“No ensino profissional falta Matemática a sério. Em Ciências e Tecnologias... não há tecnologia. Só no 12.º ano, existe uma disciplina de Aplicações Informáticas, mas que não tem nada a ver com programação nem com arquitectura de computador”, revela André Mártires.

Foi por isso que seguiu a via profissional e não duvida de que foi uma aposta ganha. “Sinto que estou mais preparado que qualquer aluno que tenha seguido o ensino regular. Como o meu objectivo era o ensino superior desde o 10.º ano que tenho explicações de Matemática A, porque tenho de fazer esse exame.”

Manuel Bento, director do Centro de Estudos de Fátima (CEF), que tem esta via de ensino desde que foi lançada, concorda que, sobretudo, nos cursos de Informática, “os jovens que optam por seguir um curso superior sentem-se mais bem preparados, porque passaram pelas áreas técnicas”.

“Mesmo alunos do ensino regular reconhecem que os colegas do profissional estão mais bem preparados no ensino superior”, reforça. Por isso, André Mártires aconselha os futuros estudantes que queiram licenciar- se na área de Informática a optar pelo ensino profissional, porque os prepara melhor. Como tem a lacuna da Matemática A, terão de ter trabalho extra.

“Julgo que deveriam ser as escolas a proporcionar esse apoio aos alunos que estão no profissional, mas que querem seguir o ensino superior”, aponta, ao afirmar que quem concorre ao ensino superior pela via profissional “parte em desvantagem” com os colegas do ensino regular. “Mas sei que depois compensa no ensino superior”, reforça.

É precisamente esta medida que já foi adoptada pelo Instituto Educativo do Juncal (IEJ), em Porto de Mós. Tânia Galeão, directora pedagógica, revela que nas disciplinas em comum com o ensino regular - Português (com um currículo idêntico) e Matemática (com um currículo diferente), são disponibilizados os mesmos apoios e os alunos das diferentes vias de ensino são prepararmos da mesma forma para os exames.

Cesário Silva, director do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente, acrescenta que uma das preocupações são precisamente “os alunos que querem ter acesso ao ensino superior para ingressarem em licenciaturas, que são sujeitos aos mesmos exames dos jovens que estão em científico-humanísticos”, mas cujos “conteúdos são trabalhados de forma diferente, sobretudo na Matemática, o que é um obstáculo grande”.

Desde que surgiram os Cursos Técnico Superior Profissional (CTeSP) “vários alunos optaram por prosseguir estudos”, revela Cesário Silva, referindo que, no último ano, dos 54 alunos que terminaram o 12.º ano na Escola Secundária Calazans Duarte, 16 ingressaram nos CTeSP. “Para muitos é uma via de entrada no ensino superior.”

Segundo dados do Infoescolas, cujos últimos resultados publicados são de 2015/16, o distrito de Leiria tinha 36 escolas com alunos matriculados em cursos profissionais, num total de 5415 estudantes, dos quais 59% eram rapazes e 41% raparigas.

“O ensino profissional tem vindo a melhorar. No contexto em que estamos inseridos sempre trabalhamos no mesmo patamar de exigência, porque entendemos que quem vai para esta área tem de ter qualidade”, sublinha Tânia Galeão. Também André Mártires reconhece que a exigência &eacu

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