Sociedade

Escassez de sardinha faz disparar importações e aumentar os preços

11 jun 2016 00:00

No ano passado, o preço médio da sardinha na lota foi o mais alto dos últimos 20 anos, diz o INE. Mas não é o suficiente para assegurar a viabilidade das empresas, aponta a Mútua dos Pescadores

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Raquel de Sousa Silva

Importada e cara. Se é dos que não dispensam o consumo de sardinha assada por altura dos santos populares, arrisca-se a ter de comprar produto importado. Ou a pagar mais pela nacional, se a houver. É que os limites à captura deste pelágico impostos a Portugal estão a fazer disparar as importações e os preços, aponta o Instituto Nacional de Estatística. Num trabalho publicado na semana passada, o INE refere que no ano passado foram transaccionadas em lota 13729 toneladas de sardinha, “a quantidade mais baixa desde que há registos estatísticos sistemáticos por espécie”.

Nos últimos dez anos, as descargas caíram a um ritmo médio anual de 8,5%. E nos últimos quatro anos, a quantidade média descarregada (cerca de 22 mil toneladas) foi 65,6% inferior à média do período 2005- 2011. “Como consequência directa, o preço médio da sardinha transaccionada foi o mais elevado dos últimos vinte anos”. Com um crescimento médio de 10,2% ao ano, o preço médio do quilo na primeira venda (em lota) passou de 31 cêntimos em 1995 para 2,19 euros em 2015.

“Nos últimos quatro anos, o preço médio da sardinha quase que triplicou face ao preço médio registado no período 1995-2011”, adianta o estudo do INE. João Delgado, membro da direcção nacional da Mútua dos Pescadores, frisa que a sardinha regista picos de preços, “um ou dois meses por ano”, e frisa que tal “não é suficiente para a viabilidade económica das empresas e dos pescadores”. Além de que, reforça este profissional da Nazaré, “nenhuma actividade económica sobrevive a trabalhar cinco ou seis meses por ano”.

A pesca da sardinha tem estado limitada e, por norma, os pescadores não podem praticá-la entre Outubro e Maio, diz aquele responsável, que frisa a importância de serem acauteladas as “devidas compensações” a empresas e pescadores, para que estes “não passem ainda pior do têm passado nos últimos anos”. Domingo, em Peniche, a ministra do Mar disse que Portugal vai reclamar um aumento da quota ibérica de captura de sardinha para as 19 mil toneladas.

 

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