Sociedade
Escola deve fomentar felicidade, autonomia e espírito crítico
XIII Fórum Educação decorreu ontem em Leiria
Tornar a escola num espaço de liberdade, capaz de fazer alunos felizes, com autonomia e espírito crítico; trabalhar para que esta instituição não se confine às paredes de um edifício e se envolva com a comunidade; e questionar as limitações de um sistema que coloca a tónica em exames e rankings.
Estas foram algumas das recomendações deixadas pelos professores e educadores que intervieram no XIII Fórum Educação, que se realizou ontem no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, evento organizado pela Câmara de Leiria e que contou com o apoio do nosso jornal.
Num painel de oradores subordinado ao tema Dar voz à Escola, Paulo Dias, educador de infância no Agrupamento de Escolas de Colmeias, salientou que as crianças não chegam aos jardins-de-infância como “tábua rasa” e são produto do que absorveram junto das famílias, creche e comunidade.
“A educação tem de ser vista como um acto contínuo”, frisou Paulo Dias, para quem os espaços dos jardins-de-infância têm de ser flexíveis, com crianças a serem chamadas a participar e a planear as suas próprias aprendizagens, com educadores que sejam fio condutor das diferentes partes envolvidas. “Caros colegas do pré-escolar não escolarizem a educação e deixem as crianças ser felizes”, exortou
Paulo Dias, que recomendou também uma articulação desta etapa com o primeiro ciclo, suavizando a transição. Nelson Cardoso, professor do Agrupamento de Escolas Correia Mateus, enfatizou a necessidade de envolver a escola na comunidade onde se insere, na medida em que também as famílias, os cinemas ou os teatros são zonas de aprendizagem. Enfatizou as virtudes de um “currículo comunitário”.
Sandra Campos, professora no Agrupamento de Escolas D. Dinis, também valorizou a figura do professor como tutor, que, mais do que dar respostas, deve suscitar perguntas nos alunos. E defendeu uma avaliação pedagógica, que se traduza em jovens autónomos, comprometidos com os seus próprios caminhos e que contem com os professores nesse seu trajecto de aprendizagem.
Também António Pedro, professor no Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira, desconstruiu a ideia de escolas como “linha de montagem”, questionou o peso dos exames nacionais e dos rankings, quando há todo um trabalho desenvolvido pelos alunos ao longo do secundário.
Também António Leite, secretário de Estado da Educação, que tomou palavra neste fórum, considerou que escolas elitistas não são compatíveis com a democracia, com a justiça, com a economia nem mesmo com a sobrevivência humana, que depende do acesso massificado à ciência, ao conhecimento, à razão e à tecnologia.
António Leite constatou o muito que ainda há a fazer para aumentar as habilitações académicas dos portugueses e informou sobre um conjunto de medidas destinadas a melhorar as escolas e a tornar a docência mais atractiva. Anunciou a requalificação de mais de 400 escolas, entre as quais sete em Leiria, e criação de 365 centros tecnológicos. Menos popular, junto do auditório, foi a menção do governante às novas regras de acesso à carreira docente.