Sociedade

ETAR das Olhalvas dispõe de solução que evita uso de produtos químicos

3 set 2021 16:43

Projecto internacional em que está envolvida a ETAR de Leiria evita o uso de produtos químicos tóxicos e a filtragem não precisa de ser substituída por um período estimado de 30 anos.

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A empresa Águas do Centro Litoral (AdCL) anunciou hoje que vai adoptar uma solução de tratamento que evita o uso de produtos químicos na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) das Olhalvas, em Leiria.

A AdCL, que considera a medida “inovadora”, explica que o sistema CAFE - Clean Aqua for Everyone instalado na ETAR das Olhalvas assume-se como “um verdadeiro exemplo de solução plug and play para tratamento de água”.

Segundo a empresa, este método caracteriza-se por “um meio de filtração de água com comprovados resultados a nível mundial, AFM (meio de filtro activado), feito de vidro reciclado, sendo utilizado em milhões de sistemas de água em todo o mundo”. 

"A ETAR das Olhalvas, em Leiria, está envolvida num projecto de colaboração internacional que reúne especialistas em inovação e sustentabilidade de Portugal e Escócia, numa acção que reforça a política de sustentabilidade ambiental e economia social da AdCL", refere uma nota de imprensa.

O CAFE, como é designado, “evita o uso de produtos químicos tóxicos e a filtragem não precisa de ser substituída por um período estimado de 30 anos”.

“Apresenta, por isso, um enorme potencial como solução de filtragem de água sustentáveis de melhor desempenho, removendo toxinas, metais pesados, vírus e bactérias da água sem o uso de produtos químicos financeiramente onerosos”, refere uma nota de imprensa da AdCL, do grupo Águas de Portugal.

Ao longo do ano de 2022, o Politécnico de Leiria irá colaborar na revisão e avaliação do desempenho do sistema CAFE, com vista à sua potencial integração na rede de tratamento de água, adianta a mesma nota.

Na última reunião de executivo do Município de Leiria, um dos investigadores do Politécnico de Leiria, Paulo Fernandes, apresentou um estudo realizado à ETAR das Olhalvas, entre 2016 e 2020, que analisou os “caudais e cargas afluentes à ETAR”.

Concluiu-se que “há uma redução muito significativa de carga poluente presente no afluente, sendo o corolário do seu bom funcionamento e adequação”, refere o investigador.

Segundo Paulo Fernandes, verificou-se uma “remoção de nutrientes elevada, na ordem dos 50%, o que indicia um tratamento adequado da matéria orgânica”.

“O equipamento mantém todas as condições de operacionalização como quando foi planeado, 20 anos depois. Temos caudais e cargas inferiores àquelas que estavam previstas em sede de projeto em termos de funcionamento”, acrescentou.

Apresentando como uma conclusão global do funcionamento da ETAR, Paulo Fernandes adiantou que a “ETAR cumpre integralmente a licença de utilização de recostos hídricos atribuída”.

No entanto, os investigadores recomendam “uma atenção superior aos nutrientes e reduzir os seus valores”.

Nesse sentido foram apresentadas algumas medidas, nomeadamente a “instalação de instrumentação de medição e controlo de oxigénio dissolvido em contínuo nos tanques de arejamento” para “melhorar a eficiência de remoção de azoto da ETAR”.

A introdução de um processo de tratamento terciário ou de “precipitação química por adição de cloreto férrico após tratamento biológico, para melhor remoção de fósforo”, são outras das sugestões apresentadas pela equipa multidisciplinar do Politécnico de Leiria que colaborou no estudo.