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Exposição. A icónica louça azul e o período áureo da Olaria de Alcobaça
Aproximadamente uma centena de peças, das décadas de 30 e 40 do século XX, numa iniciativa em que estão representados 25 pintores
Rui Serrenho destaca o tempo envolvido na decoração de alguns pratos, do estilo Monte Sinai, que a partir do próximo fim-de-semana podem ser vistos no Museu do Vinho de Alcobaça.
“Duas mil pinceladas”, sinaliza.
Os pratos integram a exposição Rita & Rafael: Um Olhar Sobre os Pintores da Olaria de Alcobaça, que é inaugurada no sábado, 18 de Maio, pelas 15 horas.
Até 7 de Julho de 2024, o público é desafiado a recordar o período áureo de uma actividade com impacto profundo na região e sucesso comercial tanto no território português como no estrangeiro.
“As peças expostas, únicas, documentam a beleza, a importância e a riqueza da indústria cerâmica de Alcobaça, cuja loiça azul se tornaria, mais do que um simples marco de uma memória que se impôs pelo seu legado económico e social, um testemunho histórico e patrimonial, essencial e identitário alcobacense”, pode ler-se no texto partilhado pelo município.
Estão reunidos objectos de louça decorativa das décadas de 30 e 40 do século XX, aproximadamente uma centena, produzidos na antiga Fábrica Olaria de Alcobaça.
No cartaz da exposição, explica Rui Serrenho, é destacado um prato com 41 centímetros, de forma circular, pintado por Silvino da Bernarda (1897-1978) – sócio e fundador da Olaria de Alcobaça. Reproduz um modelo “do terceiro quartel do século XVII”, com influência “das porcelanas chinesas do reinado Wanli”.
Ao todo, encontram-se representados 25 pintores, que colaboraram com a Olaria de Alcobaça, entre eles, Jorge Maltieira, Ferreira da Silva e Alberto Anjos.
Mas, também, Alfredo Veloso, António Elias, António Mendes, Armando Mendes, Arnaldo Marques, Irene Natividade, João Elias, João Gomes, João Oliveira, Joaquim Marques, José J. Pedro, José Luís, José Pedro, José Serafim, Leonor Natividade, Mário André, Mário Silva, Noel Costa ou Silvino Pedro.
Fundada por Silvino da Bernarda com os irmãos Joaquim e António Vieira Natividade, a empresa funcionou entre 1927 e 1988.
As obras incluídas em Rita & Rafael: Um Olhar Sobre os Pintores da Olaria de Alcobaça são todas provenientes da Colecção de Faiança Família Couto Serrenho, mantida por Rui Serrenho (que chegou a trabalhar para uma firma de exportação de louça) e pela mulher, Dina Serrenho, sobrinha-neta de Alfredo Veloso, um dos artistas representados na exposição.
“Temos peças do final do século XIX que eram da minha avó”, realça o coleccionador. “A partir do ano 2000 a colecção começa a crescer e começa a haver um gosto na busca da identificação dos pintores”. São já 1.400 itens de diversas fábricas, “as mais emblemáticas”. E um total de 130 pintores identificados entre 160 assinaturas.
“Uma exposição forte”, segundo o museólogo Alberto Guerreiro, que constitui “a oportunidade” para apreciar “um conjunto de peças que não deixam de ser raras e importantes no contexto” e que abrangem “alguns dos estilos emblemáticos” da época em que “a Olaria de Alcobaça foi, porventura, a maior fábrica”.
A exposição insere-se nas comemorações do Dia Internacional dos Museus e do Dia Europeu da Cerâmica, evocado como Bom Dia Cerâmica.
A organização é da Câmara Municipal de Alcobaça e das empresas Estafette Magic Tour (percursos turísticos) e Casa São Bernardo (alojamento local).