Sociedade

Festa africana é alicerce para projecto social no Bairro Sá Carneiro

18 ago 2016 00:00

Um dos objectivos da festa foi angariar fundos para construir um centro de apoio, que terá, entre outros públicos, os mais novos inquilinos da comunidade

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O início da história do Bairro Sá Carneiro, nos Marrazes, Leiria, remonta aos anos 80. Foi para este bairro que os retornados da Guerra Colonial foram viver, cerca de dez anos depois de terem sido acolhidos no RA4 (Regimento de Artilharia N.º4), nesta mesma cidade. O Bairro Sá Carneiro foi construído para eles, explica Mariana Nunes, antiga moradora. Actualmente, acolhe pessoas de várias raças e etnias: “pessoas da Madeira, da Guiné ou de etnia cigana”, afirma. E no passado fim-de-semana, com a realização da Festa Africana no Saka, o bairro pôs em evidência as suas raízes, com um objectivo bem definido: criar um centro de apoio à comunidade, que terá entre o seu público-alvo as crianças que ali residem.

Danças tradicionais africanas, exposições de artesanato, um jogo de futebol disputado entre casados e solteiros e insufláveis para crianças foram algumas das actividades que fizeram parte da festa. No que toca à comida, não faltaram os pratos tradicionais africanos, como cachupa e moamba. E tudo isso foi preparado e dinamizado pelos próprios moradores e antigos moradores do bairro. “Seremos sempre do bairro, independentemente de actualmente já não vivermos aqui”, afirma Mariana, uma das responsáveis pela organização destas iniciativas, que viveu no Bairro Sá Carneiro até aos 18 anos.

Esta festa insere-se num projecto que existe desde o início do ano para melhorar as condições no bairro, criando um centro de apoio à comunidade, explica. Neste sentido, além do projecto que já está na Câmara Municipal de Leiria, os moradores têm-se preocupado em organizar convívios para angariar fundos. “Para já, não queremos uma associação de moradores. Queremos um centro de apoio à família, direccionado principalmente para as famílias do bairro”, acrescenta.

Mariana Nunes nota que a imagem que o bairro tem junto da restante comunidade leiriense não é a melhor, também devido ao que se vê da estrada que circunda o espaço. “Honestamente, se eu não conhecesse o bairro, a imagem que teria dele não seria a melhor”, confessa. No entanto, considera, essa má reputação tem vindo a mudar. “Os mais novos crescem com outro tipo de mentalidade.” São mais de 300 as crianças que vivem neste bairro e é nelas que estas iniciativas se pretendem focar: “é uma faixa etária que ainda conseguimos moldar”. E, afinal, “as crianças serão o reflexo daquilo que vai ser o bairro um dia mais tarde.” Mas não é possível fazê-lo sem lidar, em conjunto, com os respectivos familiares e comunidade do bairro no geral, adianta.

*Ana Camponês

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