Desporto
Fisioterapeuta Rui Faria vai ao US Open integrado na equipa de Jiri Vesely
Tenista checo de 28 anos já derrotou Novak Djokovic e foi líder mundial de juniores
Os bons tempos em que Rui Faria era o fisioterapeuta da equipa de andebol do Sporting já lá vão há uma boa meia-dúzia de anos. Aqueles momentos da mais pura adrenalina terminaram quando regressou a Leiria para apostar num negócio próprio.
E apesar de continuar ligado ao alto rendimento – segue a quarta classificada do lançamento do peso nos Jogos Olímpicos, Auriol Dongmo - assume que uma presença regular no terreno lhe faz falta.
Quando conheceu Jiri Vesely estava longe de imaginar o que o esperava. Foi em Maio, no Challenger 125 de Oeiras, prova da Federação Portuguesa de Ténis que tinha acompanhamento médico da Clínica Rui Faria.
O tenista checo precisou de ser avaliado e logo ali se criou uma relação de confiança. “Veio a Portugal numa perspectiva de voltar a ganhar forma depois de um contexto de Covid-19 complicado, com algumas perdas a nível físico. Vinha com algumas queixas e acabou por precisar dos meus cuidados”, explica o fisioterapeuta.
“Apesar de o torneio não lhe ter corrido como desejava”, o actual número 89 do ranking ATP ficou “satisfeito” com a forma como foi apoiado. Desde então mantiveram contacto e ficaram a dar-se bem. “Até que, passadas umas duas semanas, convidou-me para integrar a equipa e viajar com ele algumas semanas.”
A decisão não foi difícil de tomar, até porque Jiri Vesely, actualmente com 28 anos, não é um qualquer. Liderou o hierarquia mundial de juniores, já foi o número 35 do ranking ATP, venceu dois torneios do ATP Tour e chegou a bater o imbatível Novak Djokovic no ATP Masters 1000 Monte Carlo, em 2016.
Ainda por cima de uma nação de nove milhões de pessoas com uma tradição no ténis “gigantesca”, comprovada por três nomes: Ivan Lendl, Tomas Berdych e Petr Korda.
No mês passado, Rui Faria já acompanhou o canhoto aos ATP 250 de Bastad, na Suécia, e a Umag, na Croácia.
“Foi a necessidade de sentir essa adrenalina que me fez querer voltar ao terreno e de alguma maneira, mesmo de forma reduzida, sentir que um bocado do que faço está no campo. Temos feito algum trabalho de skills de movimentos que lhe permite tirar maior rendimento do seu corpo, prepara-o para a competição e afasta-o de uma lesão.”
No entanto, é o próximo desafio que está a deixá-lo verdadeiramente entusiasmado.
Será, nada mais, nada menos, do que o US Open, um dos quatro Grand Slam do ténis mundial, a par de Wimbledon, Roland Garros e do Australian Open. Antes, de 21 a 28 de Agosto, ainda vai estar no Winston-Salem Open, uma das competições que prepara o major de Flushing Meadows, que será jogado de 30 de Agosto a 12 de Setembro.
“É bom chegar a esta fase da vida e ainda ter sonhos por cumprir. Eu ainda tenho alguns e gosto muito de estar no topo do alto rendimento e do desporto mundial numa modalidade que muito aprecio. Ainda por cima num dos quatro torneios de referência do desporto e com um atleta que é uma referência”, admite Rui Faria, que parte para os Estados Unidos na próxima quinta-feira, ansioso por ver um brilharete de Vesely naquele court mágico de Nova Iorque.
“O ténis é muito imprevisível, tudo pode acontecer, é muito competitivo e é comum ver grandes nomes cair com outros desconhecidos. Isso dá-nos boas perspectivas.”