Sociedade
Foi reaberta a ligação da Lagoa de Óbidos ao mar
Canal encontrava-se fechado há mais de duas semanas devido ao assoreamento da lagoa
A ligação da Lagoa de Óbidos ao mar foi hoje reaberta com recurso a máquinas das autarquias das Caldas da Rainha e de Óbidos, numa intervenção coordenada pela Agência Portuguesa do Ambiente.
O canal, que se encontrava fechado há mais de duas semanas devido ao assoreamento da lagoa, “foi reaberto cerca das 9:30 horas de hoje, com recurso a duas giratórias que retiram areia para que, no pico da maré, a água voltasse a circular entre a lagoa e o mar”, disse o presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel (PSD).
A intervenção estava a ser preparada há cerca de uma semana, com a coordenação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que “financiará a empreitada cujo valor vai depender do número de dias que ainda vai demorar”, explicou o autarca.
Isto porque, além das máquinas das autarquias ribeirinhas das Caldas da Rainha e de Óbidos foram empregues mais duas giratórias e quatro ‘dumpers’ que “estão também a colocar pedras para sustentar o cordão dunar no Bom Sucesso [na margem sul da lagoa] e vão transportar a areia retirada para tapar as sacas de areia que o mar tinha deixado a descoberto”, acrescentou.
Estas tinham sido colocadas junto à duna há mais de duas décadas para travar a erosão e proteger um conjunto de moradias que se encontravam em risco devido à proximidade do mar.
A colocação das sacas na praia do Bom Sucesso aconteceu pela primeira vez em 1998 (3.000 sacas), repetindo em 2000 (mais 2.500) e em 2001 (mais 2.120).
No início deste ano, centenas delas ficaram a descoberto devido à erosão, afectando uma área de cerca de duzentos metros de praia, situação que levou a autarquia de Óbidos a solicitar a intervenção da APA, que, em Fevereiro, se comprometeu a voltar a tapá-las com areia.
“Uma vez que, do lado das Caldas da Rainha, na praia da Foz do Arelho [margem norte da lagoa] não há necessidade de colocação de areia, as duas Câmara concordaram que a areia, agora retirada, seja colocada no Bom Sucesso”, explicou o presidente de Óbidos.
As duas autarquias defenderam ainda, junto da APA, “uma intervenção que permita fixar a 'aberta' [canal que liga a lagoa ao mar] de forma definitiva” e que, segundo Filipe Daniel, poderá passar “pela construção de um paredão em pedras ou com espigões, que impeça que o assoreamento feche a passagem de água”, um problema recorrente e que leva a que, ciclicamente, seja necessária a sua reabertura com recurso a máquinas.
De acordo com Filipe Daniel, está ainda a ser “preparado um projecto para a dragagem da parte inferior da lagoa”, numa intervenção que deverá ser lançada pela APA com um custo previsto de “cerca de dois milhões de euros”.
O fecho da ‘aberta’ ocorreu este ano, quando decorrem os trabalhos finais da segunda fase das dragagens da Lagoa de Óbidos, num investimento de 14,6 milhões de euros, para retirar 875 mil metros cúbicos de areia daquele ecossistema.
A obra é cofinanciada em 85% através do PO SEUR (Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), sendo a contrapartida nacional assegurada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
A intervenção sucede à primeira fase das dragagens durante a qual foram retirados 716 mil metros cúbicos de areia da lagoa para combater o assoreamento que, periodicamente, fecha o canal de ligação ao mar [a ‘aberta’], pondo em causa a sobrevivência dos bivalves.
A Lagoa de Óbidos é o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa portuguesa, com uma área de 6,9 quilómetros quadrados, que fazem fronteira terrestre com o concelho das Caldas da Rainha a norte (freguesias da Foz do Arelho e do Nadadouro) e com o concelho de Óbidos a sul (freguesias de vau e de Santa Maria).