Sociedade
Futebol une o que o preconceito separa
O projecto Gira Ó Bairro junta, todas as semanas, elementos da comunidade cigana da Cova das Faias e pessoas exteriores ao bairro para um jogo de futebol.
A noite está fria e já pede o conforto de um sofá. Mas, antes da hora marcada, já todos se apresentam a jogo. Depois de andaram a saltitar de campo em campo, a expensas próprias, o ponto de encontro é agora a zona desportiva dos Pousos, onde a união de freguesias local lhes cedeu um espaço para jogar.
É aí que todas as quintas-feiras elementos de etnia cigana residentes no Bairro Social das Cova das Faias, em Leiria, se juntam a outras pessoas fora da comunidade para um jogo de futebol muito especial.
Aqui, não se contabilizam as vezes que a bola entra na baliza e os cartões são substituídos por pedidos de desculpa. O importante não é o resultado desportivo, mas sim os golos que se marcam contra o preconceito e contra a discriminação. E o futebol tem essa magia.
A ideia começou a ganhar forma entre as 'bocas' que se mandavam enquanto os técnicos da InPulsar – Associação para o Desenvolvimento Comunitário – faziam a actualização dos processos das crianças e famílias envolvidas no Gira Ó Bairro, um projecto de integração social que a associação tem curso naquele bairro.
“Os miúdos iam-nos dizendo que os pais já tinham jogado ou que jogavam futebol. E nós começámos a 'picá-los'”, conta Emanuel Pestana, assistente social, que fez voluntariado e estágio no Gira Ó Bairro.
Esse “picanço saudável” resultou na marcação de um jogo. Os técnicos, voluntários e amigos da InPulsar compareceram com uma equipa. Do lado da comunidade cigana, aparecem jogadores suficientes para várias formações.
A experiência, que arrancou há cerca de um ano, “virou rotina”. Faça chuva ou faça sol, quinta-feira é dia de jogo da comunidade cigana com o 'resto do mundo'. Se no início havia a tendência de uns e outros se juntarem aos seus pares, com o passar do tempo a formação de equipas mistas tornou- se “natura
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