Sociedade

Ginástica, canto e tertúlias contra a monotonia

19 abr 2018 00:00

Ginástica e mindfulness são algumas das muitas opções para os idosos que querem manter-se activos

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Daniela Franco Sousa

Contrai-se a barriga e obriga-se a perna a desafiar a gravidade. Aqui e ali soam risadas contagiantes, que quebram a música relaxante da aula. Todas as segundas-feiras, Daniela Anéis monitoriza a sessão de Ginástica e Mindfulness na Universidade Sénior da Marinha Grande da cooperativa PVMG. E a boa disposição é visita assídua nesta aula, onde senhoras com mais de 60 anos praticam actividades que aliam pilates e meditação.

Alice Simões, de 72 anos, é a aluna mais velha da turma. Já frequentava a Universidade Sénior e também quis experimentar as aulas de Ginástica e Mindfulness que começaram no início deste ano lectivo.

Auxiliar de educação aposentada, Alice Simões sempre gostou de se mexer. Sempre que havia oportunidade praticava ginástica com os alunos. Agora, também não quis perder o embalo. “Permite-me ter mais agilidade nos membros. E com a meditação no final, dá para sair psicologicamente mais relaxada e com os movimentos mais ligeiros”, conta a septuagenária que, nos dias de sol, mantém a actividade física depois da aula e desloca- se a pé até casa, a 20 minutos de distância. E às terças-feiras espera- -a outra aula que a põe em movimento, a Ginástica de Manutenção.

O corpo agradece, mas a mente também. Alice é viúva e explica que os filhos têm a sua vida. “Tive fases da vida em que senti solidão, mesmo estando acompanhada”, salienta a septuagenária. “Mas quando estamos aqui isso não acontece”, conta, notando que na aula se brinca muito e também se fazem amizades.

Maria Rino, 66 anos, que já era aluna da Universidade Sénior da Marinha Grande, juntou-se à turma de Ginástica e Mindfulness por motivos de saúde. Tinha problemas graves de calcificação dos ombros que estavam a deixá-la quase inválida. O médico proibia-a de praticar ginástica, mas o osteopata teve opinião diferente.

E em boa hora, reconhece Maria Rino, que já se sente a recuperar os movimentos. “E como é divertido, acabam por ser duas terapias juntas”, realça a sexagenária, que já desafiou outras amigas a frequentar as aulas.

Daniela Anéis, psicóloga clínica, explica que as suas aulas desenvolvem a flexibilidade e o equilíbrio, diminuem os sintomas de ansiedade e ajudam a focar a atenção e a manter a calma. “De modo geral, as pessoas sentem- se bem, gostam de entrar em contacto com o seu interior, porque há desenvolvimento pessoal na meditação.

Saem mais calmas e tendem a verbalizá-lo. Dizem que se sentem muito bem, que gostariam de ficar todo o dia ou que finalmente relaxaram o suficiente para conseguirem dormir”, relata a monitora. “Há quem faça em casa os exercícios aprendidos na aula para convidar o sono a vir.” O objectivo, acrescenta a psicóloga, “é deixar de tomar tantos medicamentos para dormir”.

Quando o prazer dos livros se torna terapia

Entre os livros da Arquivo, os utentes seniores do lar da Santa Casa da Misericórdia de Leiria juntam-se todos os meses para, em tertúlia, do alto dos seus muitos anos de sapiência, falarem da actualidade, traçarem o futuro e demonstrarem que podem dar um contributo válido de cidadania.

Este projecto de biblioterapia chama- se (Na)morar com livros e teve início em Julho de 2017, com uma primeira reunião realizada na livraria de Leiria, e que funcionou como uma extensão de uma actividade cultural que já acontecia no Lar de Nossa Senhora da Encarnação. Ali, já existem sessões de biblioterapia uma vez por semana, com um grupo ainda maior de idosos. Recentemente, Ricardo Crispim, técnico de educação social, explicou ao JORNAL DE LEIRIA que “dada a presença da livraria Arquivo na cidade, fez sentido promover esta parte do projecto, que leva as pessoas para fora da instituição e para um espaço de cultur

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