Sociedade

CIMRL estima uma área ardida de 12.500 hectares em quatro concelhos da região de Leiria

19 jul 2022 17:12

Área ardida em Alvaiázere, Ansião, Leiria e Pombal é cerca de 30% do valor total registado no País, até ao momento

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Incêndio nas Colmeias teve início na Carangujeira
Ricardo Graça

A região de Leiria foi “fortemente afectada por vaga de incêndios em que se perderam floresta e bens materiais”, entre 7 e 18 de Julho.

“Arderam, só na região de Leiria mais de 12.500 hectares", o equivalente a quase 13 mil campos de futebol. Segundo a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, a área ardida teve especial incidência nos concelhos de Alvaiázere (4.398,95 ha), Ansião (2.491,32 ha), Leiria (3.973,78 ha) e Pombal (1688,59 ha), "valores que na presente data representam cerca de 30% do valor total da área ardida em Portugal Continental (43.000 ha)”.

Nesse sentido, a CIMRL vai solicitar ao Governo um reforço de incentivos para mitigar os prejuízos causados pelos incêndios, que assolaram os vários concelhos da região e aprovou hoje um plano de acção para a execução de medidas de ordenamento florestal.

Os autarcas que integram a CIMRL consideram que “a abrangência e a escala de destruição das sucessivas vagas de incêndios na região de Leiria torna necessário que se tomem medidas concretas e concertadas no sentido de recuperar as áreas ardidas, através de um plano coerente, sem medidas avulsas ou isoladas”.

Por isso, “exige um plano de acção para a execução de medidas de ordenamento florestal a todos os concelhos afectados pelos incêndios florestais na região de Leiria”, defendendo que seja revisto o Programa Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral, adaptando-o à nova realidade.

“Por haver mais 12.500 hectares ardidos, a que se somam mais de 100 mil hectares de área ardida resultante dos incêndios de 2017, e que precisam urgentemente de um correcto ordenamento florestal, parece-nos ser inquestionável a necessidade de garantir uma resposta adequada a esse ordenamento”, destacam os presidentes.

Os autarcas defendem que seja “implementado um plano de acção para a execução de medidas de ordenamento florestal, através de medidas de gestão integrada e com reforço de financiamento, que permita, entre outros domínios, acelerar o processo de cadastro simplificado da propriedade rústica (através do Balcão Único do Prédio – BUPI), nos concelhos mais afectados pelos incêndios da região de Leiria, em articulação com as organizações de produtores florestais e as autarquias”, refere o documento aprovado.

Relativamente às operações de combate aos incêndios rurais e de apoio aos meios da protecção civil, a CIMRL entende que deve ser criado um projeto de “implementação e manutenção das redes de defesa intermunicipais (rede viária florestal e redes de pontos de água), condição necessária para mitigar os riscos de reacendimentos e propagação rápida de incêndios, factor crítico no prolongamento das ocorrências registadas nos últimos dias”.

Este projecto, com um orçamento de 21 milhões de euros, serviria para executar 3.000 quilómetros de rede viária florestal e 360 pontos de água em toda a região centro e já foi entregue às autoridades regionais e junto da nova Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).

Gonçalo Lopes, presidente da CIMRL, citado numa nota, considera que “pelas especificidades do território da região de Leiria, é urgente desenvolver medidas estruturais que provocam a resiliência e a adaptação das florestas, a par de ações de valorização económica e de incentivo aos proprietários e gestores florestais”.

“A região deseja proteger e regenerar cada vez mais a biodiversidade florestal e adotar práticas de gestão florestal sustentável, precisamos de incentivos concretos para a transição e mitigar as perdas registadas”, acrescentou o também presidente do Município de Leiria.