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Inclusão. Visita em língua gestual é mais um passo da Cultura para chegar a todos
Museu de Leiria organiza, pela primeira vez, uma visita com língua gestual portuguesa, e, também neste fim-de-semana, o Leirena apresenta o espectáculo Caldeirada, com recursos para diferentes públicos
A primeira visita guiada ao Museu de Leiria em língua gestual portuguesa – gratuita e destinada tanto a pessoas surdas como a ouvintes – vai realizar-se no próximo domingo e será conduzida por Mário Coelho (técnico do Museu) em parceria com a intérprete Elsa Silva.
Também no fim-de-semana, mas no sábado, o Leirena leva ao Teatro José Lúcio da Silva o espectáculo Caldeirada, uma produção para o público infanto-juvenil que, na ficha técnica, além do elenco e de outros elementos ligados à criação, produção e interpretação da peça, inclui Desirée Nobre e Rafael Brás (audiodescrição), Sandra Faria (língua gestual portuguesa) e Célia Sousa (folha de sala inclusiva multiformato).
No Museu de Leiria, as “Boas Práticas em Inclusão e Acessibilidades” estão registadas na menção especial dos Prémios APOM (Associação Portuguesa de Museologia) de 2020, mas, antes, em 2016, a instituição já tinha recebido o prémio de museu municipal mais acessível atribuído pelo INR – Instituto Nacional para a Reabilitação, e, no mesmo ano, menção honrosa na categoria “Acessibilidade Física” do Prémio Acesso Cultura. A eliminação de barreiras físicas, sociais e de comunicação, através do uso de tecnologias digitais, placas em braille, acessos mecânicos, plantas tácteis, áudio-vídeo-guias multilingues e roteiros em sistema pictográfico, entre outros exemplos, é um objectivo desde a reabertura nas actuais instalações, há oito anos, aniversário que é assinalado ao longo dos próximos dias.
Com a visita em língua gestual portuguesa agendada para 12 de Novembro, às 11 horas, que, segundo Vânia Carvalho, “está a ser preparada há meses”, o Museu de Leiria pretende criar condições para uma maior acessibilidade e participação nas dinâmicas e práticas culturais que acolhe. “É um processo contínuo de adição e de teste”, assinala a coordenadora. Nos próximos meses, estão previstas outras iniciativas, relacionadas tanto com a língua gestual portuguesa como com audiodescrição e edição de livros multiformato.
Também o Leirena tem vindo a investir em recursos para a inclusão. No espectáculo Caldeirada, que vai a palco pelas 21:30 horas de 11 de Dezembro, a folha de sala multiformato, ou seja, com pictogramas, linguagem acessível, braille e qr code com audiodescrição, é o resultado do esforço iniciado há dois anos, com a peça O Globo de Saramago. “Foi o nosso teste para sabermos o que iríamos necessitar em termos de equipamento técnico, condições para o público e produtores, e custos”, explica, Frédéric da Cruz Pires, director artístico da companhia de Leiria, que, depois de algumas experiências pontuais, quis “virar a página”.
Actualmente, o Leirena oferece três produções com língua gestual portuguesa e audiodescrição, que também disponibiliza no projecto de teatro comunitário Novos Ventos. “Comprámos uma cabina acústica e headsets profissionais [auscultadores] para os espectadores e também investimos em passadiços”, comenta Frédéric da Cruz Pires. “Houve um grande investimento financeiro, mas é bonito ver agora um festival inclusivo”.
Entretanto, no dia 27 de Outubro, em Lisboa, foram celebrados os contratos de financiamento do Programa de Apoio a Museus da Rede Portuguesa de Museus, em que está incluído, com um incentivo de aproximadamente 42 mil euros, o projecto “Museu + Acessível - Áudio Guia e Website Inclusivo”, do Museu Municipal de Ourém (MMO).
Segundo o Município de Ourém, em causa está a “disponibilização de soluções de comunicação inclusiva, que permitam a todas as pessoas fruírem das experiências existentes nos vários espaços” do MMO.