Economia

Indústria portuguesa da iluminação está confiante num futuro promissor

19 out 2022 10:00

Associação dos Industriais Portugueses de Iluminação celebra 25 anos de actividade

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Qualidade é uma das marcas que define o sector em Portugal
DR
Daniela Franco Sousa

Foi nos anos 90, quando o sector da iluminação nacional, decorativa e técnica, começava a sentir os efeitos de um mercado cada vez mais global, onde a burocracia se avolumava e faltava uma entidade que representasse as empresas do ramo, que se constituiu, a 6 de Outubro de 1997, a Associação dos Industriais Portugueses de Iluminação (AIPI).

O percurso de 25 anos foi marcado por “amadurecimento”, mas também por “altos e baixos” do sector, sendo que um dos últimos desafios foi imposto pela Covid-19, sublinha Silva Macieira, presidente desta associação sediada em Leiria.

A escassez de matéria-prima que pautou a pandemia é de resto um constrangimento que ainda se mantém, sublinha o presidente, que, ainda assim, está confiante com o retorno das feiras. “Acredito que nos estejamos a aproximar de um futuro promissor para a indústria portuguesa, respectivamente no sector da iluminação”, refere Silva Macieira, resultado não só da presença do sector junto de diferentes comunidades, mas também pela qualidade dos artigos que desenvolve.

Optimista está também Ana Faria, sócia-gerente e responsável pelo departamento comercial da Lustrarte, empresa associada da AIPI, que tem sede na Marinha Grande. Ana Faria explica que a Lustrarte, fundada em 1974 dedica-se à produção de iluminação decorativa, para a área residencial e projectos de hotelaria, utilizando sobretudo o latão no fabrico dos seus artigos. Conta com mais de 30 colaboradores e exporta 95% do que produz para vários mercados, entre os quais: EUA, França, Rússia, Japão e Médio Oriente.

É certo que o preço dos metais tem vindo a aumentar. O latão, por exemplo, “num ano mais do que duplicou de preço”, constata a sócia-gerente. Também se sente a escassez de matérias- primas, como é o caso de material eléctrico. E desde há alguns anos o ramo tem dificuldade em captar recursos humanos. “Os nossos serralheiros são quase joalheiros”, observa Ana Faria, realçando que uma actividade deste tipo demora a aprender e que, em poucos anos, muitos dos seus colaboradores já estão em idade de reforma.

Contudo, o sector tem actualmente oportunidades para crescer. Por um lado, a dificuldade de adquirir matéria- prima vinda da China tem levado à transferência de clientes para outros fabricantes, entre os quais os portugueses. Benéfica para as exportações nacionais é também a paridade entre o dólar e o euro, reconhece a responsável.

A flexibilidade da Lustrarte, que trabalha com mercados de gama alta, e tanto produz pequenas séries como peças únicas, é outro ponto a favor desta casa, expõe Ana Faria.

Mais reticente quanto às oportunidades que o sector possa ter no imediato está, por sua vez, Nelson Martins, gerente da Crisbase, fundada em 1995, na Marinha Grande, associada da AIPI há cerca de uma década.

Fabrica iluminação em série, mas através de vidro soprado manualmente, com características de artesanato. Tem 14 colaboradores e exporta 96% do que produz, sobretudo para a Europa.

Nelson Martins observa que o aumento do preço da energia (gás e electricidade) é um constrangimento que “asfixia” as poucas indústrias manuais de vidro que resistem.

Também ele manifesta dificuldade em captar mão-de-obra especializada e, num contexto de imprevisibilidade trazido pela guerra, acredita que possa diminuir o volume de encomendas.