Economia
Investidores estrangeiros mudam paisagem empresarial da região
Tendência. Empresas familiares cedem aos fundos, ao investimento estrangeiro e à concentração. Fenómeno é inevitável e vai fazer região de Leiria crescer.
Os fundos, o investimento estrangeiro e a concentração de empresas chegaram a Leiria e a tendência atingiu os mais diversos sectores de actividade. Os especialistas ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA estão optimistas quanto às mudanças que o fenómeno vai introduzir na paisagem empresarial da região, embora alguns reconheçam inevitáveis dores de crescimento.
Na semana passada, a MD Moldes comunicou a entrada da Alantra Private Equity no capital da holding, através do fundo Alantra Private Equity Fund III. A financeira espanhola passou a ser a principal accionista do grupo de Leiria, com 70% do capital (ver caixa). Semanas antes, já a Atena, sociedade gestora de private equity tinha formalizado a compra de outras três empresas de moldes e de plásticos na Marinha Grande (E&T, AFR e Tecnifreza).
Já no sector do retalho alimentar, a holandesa Spar anunciou há duas semanas a compra dos 15 supermercados Ulmar existentes nos concelhos de Leiria, Pombal, Marinha Grande, Alcobaça, Nazaré, Porto de Mós e Ourém. E no sector do vidro, em meados de Outubro, a espanhola Vidrala formalizou a compra da vidreira Santos Barosa.
Para o economista Manuel Gomes, no caso dos sectores de moldes e de plásticos, a aquisição de pequenas e de médias empresas, por parte de fundos, é uma tendência “inevitável” num mercado fragmentado como este, que é composto por várias indústrias do mesmo ramo. Se outrora eram as empresas maiores que compravam as mais pequenas, agora são os fundos que reconhecem a rentabilidade e as potencialidades destes produtos.
Embora estes investidores não estejam dispostos a trabalhar na empresa, injectam capital, servem-se do conhecimento dos fundadores, que permanecem nas unidades e sabem em que clientes e mercados devem apostar, observa o economista.
Para alguns proprietários de empresas familiares, os fundos podem ser uma forma de resolver o problema da sucessão e da falta de dinheiro e de capacidade para investir. “Muitos empresários esgotaram as suas capacidades para ir mais além – e que são notáveis, se atendermos ao facto de muitos terem sido operários que conseguiram criar a sua própria empresa”.
É também a forma de obterem o capital necessário para investir na qualificação dos recursos humanos e na aquisição das novas tecnologias que serão exigidas pela Indústria 4.0, considera Manuel Gomes. Algumas empresas chegaram ao fim do ciclo de crescimento e precisam desta ajuda para “dar um salto económico”, frisa o economista.
Esta tendência pode não ser má para Leiria, que “está um bocadinho enfraquecida por falta de investimento estrangeiro”. Traz “evolução” e “competitividade”, aponta o especialista. “Vai levar a que haja menos empresários locais. Mas as melhores empresas continuarão a existir. Alguns fornecedores podem desaparecer, mas outros surgirão, da área das novas tecnologias”, acredita Manuel Gomes. “Esta é uma tendência internacional, que chega cá com anos de atraso”, entende o ec
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