Desporto

Joaquim Coutinho Duarte: "Os sportinguistas é que vão dizer se serei candidato a presidente"

6 ago 2020 10:00

O homem que fez da Burinhosa a aldeia do futsal está cansado de ver o clube do coração refém dos resultados e de uma gestão que, entende, denigre a imagem do Sporting

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Joaquim Coutinho Duarte
DR

Tem estado muito activo enquanto associado sportinguista, não só nas redes sociais, mas também promovendo, juntamente com Vitalino Canas e Tavares Pereira, reuniões com o presidente da Assembleia Geral visando alterações estatutárias. Foi o quarto lugar da equipa de futebol que fez com que sentisse ser necessário tomar uma posição?

Efectivamente, este ano é atípico para um clube com a dimensão do Sporting. E se podíamos ter pensado que a época passada ser uma espécie de ano zero, dos responsáveis entenderem como tudo funciona e de o projecto arrancar a seguir, essas expectativas foram absolutamente goradas. No ano de ensaio, digamos assim, até tivemos dois títulos, o que fazia prever que esta época poderia até ser uma época com preparação, pensada, bastante melhor. Não foi. Não houve resultados, foi frustrante, e acabámos, para lá dos maus resultados, ter actos de gestão que denegriram a imagem do clube.

A que se refere?

A um dos últimos actos, em que, não sei por que carga de água, fomos buscar um homem que nem está credenciado para liderar uma equipa sénior de futebol. Fomos buscá-lo na perspectiva de que íamos conquistar o terceiro lugar ao Sporting de Braga, o que não só não aconteceu, como acabámos por capitalizar o nosso adversário. Mas, pior do que isto tudo, é a imagem que daí advém. Há falta de princípios, e vem para a comunicação social que não honramos os nossos compromissos. Mais grave ainda: um negócio que se previa de um valor, já está 40% acima. Isto só para falar dos últimos acontecimentos. É uma época atípica e fora do que é admissível no clube. O Sporting não se compagina com isto.

"Se o Sporting precisar e virem que eu posso ser útil, sabem onde estou. Agora, eu impor-me? Não contem comigo”

Joaquim Coutinho Duarte

Não foi este o Sporting que fez com que se apaixonasse pelo clube.

De maneira nenhuma. Ao longo da minha vida fui formatado e obrigado a organizar-me, a pensar, a ser ambicioso. A certa altura vi o Sporting de acordo com estes princípios. Do Sporting dos Cinco Violinos, do Carlos Lopes, do Joaquim Agostinho, que fizeram com que a bandeira portuguesa se levantasse no mundo todo, do Cristiano Ronaldo, do Figo, da excelente escola que dava atletas de qualidade para o mundo todo. Foi isso que me fez um orgulhoso sportinguista. Todo aquele passado ecléctico, ganhador, organizado, sem estar envolvido em problemas que tragam falta de verdade e competitividade ao desporto. Começo a verificar que isso não está lá. Se não está lá, temos de tomar alguma medida. Temos de pesar o que é mais prejudicial ao Sporting. Se é continuar com estes órgãos sociais entendendo nós o que sabem ou não sabem ou, bem pelo contrário, tomar outra medida, até aconselhá-los. Se não são as pessoas mais dotadas e experientes para estes cargos, vão buscar quem seja capaz. Que trabalhe sob a vossa égide, mas que seja capaz de fazer, de forma a emendar isto tudo. Ou, então, aconselhá-los, com elevação e humildade - porque só os homens humildes tomam grandes decisões - a avançar para eleições com calma e tranquilidade. Escolhem um timing e entregam o Sporting novamente a eleições. Só homens grandes e com elevação podiam fazer isto e, pelo esforço que fizeram, só tínhamos de os cumprimentar.

É homem para avançar quando as eleições chegarem, seja agora ou em 2022, como está previsto?

Ao longo dos últimos meses tenho defendido que as diferentes sensibilidades leoninas têm de se consciencializar que têm de colocar o seu conhecimento, o seu saber e a sua experiência ao serviço do clube e não pensar que têm de ser presidente. Se todos os sportinguistas pensarem 'a solução tenho-a eu, não a entrego, vou-me fechar', então o melhor é o Sporting acabar. Mas se pensarmos que temos formas diferentes de pensar, somos divergentes, mas todos queremos o bem do Sporting, todos nós sentados à mesma mesa somos capazes de arranjar ideias e projectos, condições para guindar o Sporting àquilo que merece.

São essas pontes que tem tentado encontrar?

Exacto. Tenho falado com todas as diferentes formas de pensar o Sporting para que na divergência encontremos a convergência necessária para engrandecer o clube.

Não respondeu. Admite ser candidato?

Não me posso meter numa coisas destas e depois dizer aos outros para avançarem. Ficava-me mal e seria uma certa falta de coerência. Nessa altura, se for vontade dos asociados, se virem que tenho a experiência, a atitude e a equipa necessária, então estarei disposto a avançar. Mas não é para presidente, é para o lugar que o Sporting quiser. Os sportinguistas é que vão dizer se serei candidato a presidente. 

Nas redes sociais percebe-se que

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