Viver

José Alberto Vasco: "Alcobaça sempre foi uma terra com criatividade. O Ben ofereceu o palco onde as bandas podiam tocar"

17 set 2016 00:00

Livro sobre a história do rock em Alcobaça é apresentado hoje, pelas 16 horas, na Biblioteca Municipal de Alcobaça.

jose-alberto-vasco-alcobaca-sempre-foi-uma-terra-com-criatividade-o-ben-ofereceu-o-palco-onde-as-bandas-podiam-tocar-4996

Na fase do Bar Ben, vive a história do rock em Alcobaça de maneira muito intensa?
A nível nacional, havia o Ben e o Rock Rendez Vous, por onde passam as bandas todas. Nacionais e estrangeiras. Eu era correspondente do Blitz e do Sete. O Elliott Sharp, que era um dos grandes vultos de Nova Iorque, veio aqui tocar. A malta nova daqui vai ouvir o que está na zona da frente. 

Estamos a falar do início dos anos 90. Qual era o seu papel no Ben?
Divulgar e colaborar na organização dos eventos, nomeadamente o concurso [de música moderna].

Uma palavra para definir o rock.
Liberdade. Acima de tudo, liberdade de expressão. O rock nasce numa época de liberdade. Quando os Beatles surgem, alteram até a própria sociedade em si. 

Há uma data ou banda fundadora na história do rock em Alcobaça?
Há um grupo que é o fundador e é um dos tais segredos de que vive o livro. São os primeiros a aparecer. Estamos nos anos 60 e eles tentam imitar o que vem dos Estados Unidos, com uma instrumentação característica do rock 'n' roll da época, inclusivamente o contrabaixo em vez do baixo eléctrico.

Os Alcobacenses Também Podem Ser Elétricos – Subsídios Para uma História do Rock  em Alcobaça. O que o motivou a escrever este livro?
Já é o meu quinto livro e acabam sempre por ser história. Viver lá, ter acesso a informação que muita gente não tem... Não é serviço público, mas é serviço ao público. Tornar conhecida alguma informação desconhecida até para mim.

O que mais o surpreendeu durante a investigação?
O facto de aparecerem bandas que uma pessoa nem supunha que tivessem existido. Há inclusivamente bandas que nunca chegaram a actuar, não passaram dos ensaios. Mas são importantes porque depois os elementos que saíram vão estar na base de outras bandas.

Nesta história, há um momento em que a influência de Alcobaça no panorama nacional começa a ser mais evidente, a partir dos anos 90.
Quando surge o concurso [do Bar Ben], porque caem aqui bandas de toda a parte a concorrer. Algumas já conhecidas. O regulamento tinha a particularidade de admitir músicas em qualquer língua e duração ilimitada. 

Partilhe connosco alguns nomes surpreendentes.
Logo na primeira edição participam os Ex-Votos, que era uma banda de Odivelas, do Zé Leonel, que foi vocalista dos Xutos & Pontapés. Aparece também o Paulo Valdez e as Piranhas Douradas e uma série de bandas porque o Blitz dá logo uma grande destaque. A adesão foi inesperada. Os Estado Sónico, da Marinha Grande, ganharam o primeiro concurso, numa final em que o Blitz estava a fazer campanha pelos Ex-Votos. 

Ao longo dos anos, o concurso acaba por lançar alguns projectos para a ribalta?
Na quarta edição, por exemplo, surgiram os Gift, que não ganharam nesse ano, quem ganhou foi uma banda de Leiria, os Paranóia. No quinto ano, os Blasted Mechanism.

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.