Sociedade

JSD pede ajuda à ONU para resolver  problema da poluição suinícola na região

6 jun 2020 14:57

Jovens sociais-democratas do distrito escrevem a António Guterres a falar do problema da poluição suinícola da região que se arrasta “há décadas”.

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Na região de Leiria existem cerca de 400 suiniculturas, que produzem diariamente cerca de 2500 metros cúbicos de efluentes
Ricardo Graça

A distrital de Leiria da JSD enviou esta sexta-feira, Dia Mundial do Ambiente, uma carta ao secretário-geral da Nações Unidas, a expor o problema da poluição suinícola que “há décadas” afecta a região. 


Na missiva, os jovens sociais-democratas apelam ainda à ajuda de António Guterres na resolução de uma situação para a qual o País e a região têm sido “incapazes de encontrar uma solução equilibrada, que proteja o ambiente e que não destrua este sector de actividade”.


Sendo o combate às alterações climáticas e a preservação do meio ambiente um desafio global, “não nos podemos esconder atrás da grandeza do problema e deixar de resolver os 'pequenos' problemas que surgem à porta das nossas casas”, alega a distrital da JSD, liderada por João Santos.


Na carta endereçada ao secretário-geral da ONU, os 'jotas' laranja recordam que “há mais de duas décadas” que as descargas ilegais de efluentes nas linhas de água “são frequentes, destruindo a jusante todo o habitat” natural. “A água fica escura, com espuma à tona, e o ar torna-se irrespirável. Os terrenos onde são depositados os efluentes ficam enlameados até saturarem, pela toxidade desses efluentes”, expõe a missiva. 


Os jovens sociais-democratas referem ainda que esta é uma questão que se arrasta “governo após governo”, sem que, o problema seja efectivamente resolvido. Recordam que, em 2014, a solução “esteve quase a sair do papel”, quando “o plano para a construção de uma ETES – Estação de Tratamento de Efluentes foi aprovado” e havia financiamento comunitário para o efeito. “Porém, a mudança de governo veio deitar por terra esse plano”, sendo que “a promessa actual é a de que o modelo de tratamento dos efluentes suinícolas em Leiria se vai inserir num modelo de gestão pública extensível a todo o País”. 


“Promessas atrás de promessas… Avanços e recuos… Incompetências e cativações… E o meio ambiente é que continua a sofrer”, denuncia a carta envida pela JSD de Leiria ao líder da ONU. 


Na missiva são ainda apresentados alguns números referentes ao impacto do sector na região, onde existem mais de 400 suiniculturas, responsáveis por “cerca de 20% da produção nacional” de carne de porco e por cerca de “5000 empregos”, mas também por perto de 2500 metros cúbicos de efluentes por dia .


“O caminho não pode passar por querer 'matar' o sector. Pelo contrário, o mesmo é essencial para a economia regional e nacional”, defende a JSD, considerando que “o caminho está em criar condições para que os efluentes suinícolas possam ser devidamente tratados e o habitat natural deixe de ser a vítima silenciosa deste crime ambiental”. 


Para os jovens sociais-democratas, a solução para o problema “não é impossível, não é uma miragem, não é um projecto megalómano”, mas carece “somente vontade e recursos para se reverter esta vergonha que assola Portugal”. 


“Numa dimensão global este pode parecer um problema insignificante, mas é duma tremenda hipocrisia andarmos todos a falar das alterações climáticas e do meio ambiente como algo distante e, depois, sermos incapazes, impotentes, incompetentes para resolver os problemas que temos mesmo à nossa frente”, refere ainda a carta, que termina com um apelo a António Guterres para que “ajude a resolver este problema, para que ajude Leiria, Portugal e o Mundo”.