Sociedade
Laura Esperança: "Que livros gostaria de ter escrito? A Bíblia, porque é o meu livro de eleição"
Livros, música, morcela de arroz, rotários e política na Impressão Digital desta semana.
Uma vida rodeada de letras – aos 18 anos já era responsável por uma livraria – nunca a inspirou a escrever?
Sim, mas o meu interesse dirige-se sobretudo para o que os outros escrevem.
Que livros gostaria de ter escrito?
A Bíblia, porque é o meu livro de eleição. Está lá tudo o que precisamos de saber para compreender a nossa existência e fazer as nossas escolhas, para sermos felizes.
Chegou a ter aulas de música no conservatório de Coimbra. Perdeu-se uma solista ou é um talento que alimenta até hoje?
Sempre gostei muito de música. Aprendi acordeão, piano, flauta e viola. Fui para o Conservatório porque tendo tocado órgão na Sé Catedral de Leiria, queria aprender mais, sobretudo canto gregoriano, que é mais uma das minhas grandes paixões. Mais tarde, já na Junta de Freguesia de Leiria, juntei-me a um grupo de cavaquinho e também fui aprender mais, com as minhas colegas voluntárias. Ainda gostaria de aprender violino.
No Parlamento, apoiou um governo sem Ministério da Cultura. Com ou sem remorsos?
A Cultura é a minha raiz, como pessoa e como cidadã. Sem remorsos, porque o meu trabalho durante os quatro anos foi sobretudo trabalhar para tirar Portugal da situação de bancarrota eminente e ser a voz activa dos Leirienses.
Deputada à Assembleia da República ou autarca em Leiria. Em que pele se sente mais realizada?
Qualquer delas. Na AR, porque julgo ter cumprido o que se esperaria de mim e ainda coordenei um livro Leiria e a Democracia, de que me orgulho imenso. Autarca, porque superou também as minhas expectativas, quer pessoais, quer do grupo de pessoas que me acompanharam.
Ainda a tratam por presidente da Junta?
Sim, há pessoas que ainda me abordam pensando que eu tenho esse cargo.
No seu perfil na rede social Linkedin, cita uma frase do José Carlos Malato. É uma referência?
A frase sim; “muito feliz”! Não me posso queixar da vida.
Mudou a maneira de estar com os outros depois de concluir a licenciatura em Relações Humanas?
A licenciatura teve como objectivo capacitar-me para futuro, mas também resolver um problema com que diariamente me confrontava, na Junta de Freguesia. Havia muitas pessoas, talvez até a maioria, que consideravam que aquela pessoa que escolheram para sua presidente era "doutora", e isso obrigava-me a que, logo no início da conversa, esclarecesse que não tinha essa graduação. Logo me respondiam "Ó Dra. desculpe!". Não valia a pena. Acho que as pessoas ficaram contentes e evitei perdas de tempo com essas explicações e considerações.
Na sua lista de prioridades, em que lugar aparece a Confraria da Morcela de Arroz?
A Confraria julgo que actualmente nem tem tido actividade. A morcela de arroz sim, não sendo agora uma prioridade, está feito um trabalho para futuro, já que ela faz parte da identidade cultural da nossa região.
Ao confrade basta ser como o Sebastião ou com o estatuto vem a responsabilidade?
Também sou Confrade da Confraria Gastronómica Pinhal do Rei – Leiria, que é uma responsabilidade. Estou presente ou vou em sua representação, com gosto e, quando posso.
A Laura e os irmãos receberam a empresa dos pais e já começaram a integrar a próxima geração no negócio. Há alguma receita para manter a família unida?
Cada família tem o seu próprio funcionamento e cada caso é um caso. Como é sabido a minha mãe actualmente goza de pouca saúde e é o meu pai, que eu considero o herói e o exemplo, que tem feito um enorme esforço nesse sentido.
A condição de única menina entre cinco filhos trouxe-lhe privilégios?
Eu tive sorte, mas privilégios, não. No meu caso, a única menina tem mais responsabilidades por ser também a mais velha.
Quando é que as mulheres passam a ser a maioria nos cargos de liderança?
Não vejo as coisas assim, mas eu gostava que houvesse mais mulheres que tivessem essa oportunidade.
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