Sociedade
Leiria vai tratar biorresíduos de 14 concelhos da Valorsul
Valorlis já recebe resíduos indeferenciados da região Oeste. Com a obrigatoriedade da recolha selectiva
Leiria vai tratar biorresíduos (resíduos domésticos orgânicos como restos de comida ou cascas de fruta e de legumes) que venham a ser recolhidos selectivamente em 14 concelhos do Oeste e do Norte de Lisboa. Para tal, está em curso a ampliação da unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) existente na Valorlis, com a criação de uma linha dedicada, que deverá entrar em funcionamento em 2023, ano em que a recolha de biorresíduos em contentor próprio passará a ser obrigatória.
O aumento da capacidade de valorização orgânica da Valorlis foi discutido na última reunião de Câmara de Leiria, com os vereadores do PSD a votarem contra o parecer emitido pela autarquia.
Apesar de considerar que “este é o caminho correcto”, porque permitirá reduzir a quantidade de lixo depositada em aterro, o social-democrata Daniel Marques alertou para os impactos negativos da circulação de resíduos vindos de fora da região e do distrito.
“Estamos a trazer o problema de outra empresa e de outros municípios para o nosso território”, alegou o vereador da oposição, referindo ainda que “mais transportes” a circular nas estradas do concelho representará também "mais vias danificadas". “Leiria não pode ser a lixeira de outros concelhos”, reforçou Álvaro Madureira, também da bancada do PSD.
Em resposta, o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, lembrou que o acordo entre a Valorlis e a Valorsul para a partilha de estruturas “é antigo” e tem por base critérios de eficiência.
Por outro lado, o projecto permitirá a “melhoria do tratamento de biorresíduos”, através da sua valorização para a produção de “composto orgânico” que poderá ser aplicado na agricultura, reforçou o vereador do Ambiente Luís Lopes. Este autarca sublinhou ainda que a redução de resíduos encaminhados para aterro terá impactos positivos na “resolução de alguns problemas actuais relacionados com os maus cheiros”.
Investimento de seis milhões
“Esta unidade [TMB] funciona, desde a sua génese, em regime de partilha com a Valorsul, numa óptica de eficiência conforme preconiza do e fomentado pelas entidades oficiais, em particular a entidade reguladora do sector (ERSAR)”, sendo que “metade” dos resíduos tratados tem “origem nos municípios do Oeste servidos por esta empresa”, informa a Valorlis.
A empresa explica que, desde que entrou em funcionamento, em 2010, a unidade de TMB recebe resíduos indiferenciados encaminhados pela Valorsul, num modelo de partilha previsto na Estratégia Nacional para a Redução de Resíduos Urbanos Biodegradáveis destinados a aterro, datada de 2003.
Agora, com a obrigatoriedade de recolher e tratar selectivamente biorresíduos, tornou-se necessário “aumentar a capacidade de tratamento do TMB”, com a criação de “uma linha dedicada”, já em construção e que deverá arrancar em 2023, “de modo a dar cumprimento ao quadro legal em vigor”, acrescenta a Valorlis.
A nova linha representa um investimento na ordem dos seis milhões de euros, financiado em 85% pelo POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), e terá capacidade para tratar 25 mil toneladas de biorresíduos por ano.
Destes, 50% virão dos concelhos de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Rio Maior, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, servidos pela Valorsul. Os restantes terão origem nos municípios de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourém, Pombal, Pombal e Porto de Mós, que compõem a Valorlis.
A valorização dos biorresíduos será feita através da produção de um “correctivo orgânico”, aplicável “em pomares, vinha, olival, jardins e terrenos com outras espécies silvícolas”, e de “energia eléctrica através de biogás”, destaca a Valorlis.