Sociedade

Lenine Moiteiro, antigo dirigente sindical, faleceu ontem aos 90 anos

2 jan 2024 10:24

Militante do PCP era natural da Marinha Grande

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Lenine Moiteiro
Daniela Franco Sousa/Arquivo
Daniela Franco Sousa

Faleceu ontem, aos 90 anos, no Hospital de Santo André, em Leiria, Lenine Moiteiro, militante do PCP e antigo dirigente do então Sindicato dos Escritórios de Leiria

António Lenine Moiteiro Salgueiro nasceu na Marinha Grande a 30 de Novembro em 1933. Completou o ensino primário, no lugar da Ordem, mas só aos 17 anos de idade voltaria aos livros, na Escola Industrial. Pelo meio, ficariam vários anos de trabalho árduo, no vidro, na Fábrica Escola Irmãos Stephens.

Foi esse percurso difícil, em tenra idade, que o fez pensar que era preciso regressar à escola para mudar o rumo da sua vida. Terminados os estudos, voltou ao trabalho, desta vez, apoiando o pai na pequena oficina de espelhos.

Pelo negócio familiar viria a manter-se até aos 28 anos. Foi nessa altura que surgiu a oportunidade de trabalhar na Ivima, como cronometrador, nome pomposo para quem passava o dia a controlar o tempo gasto por cada lapidário em cada peça produzida. “Era uma escravidão”, reconheceu Lenine Moiteiro em entrevista ao JORNAL DE LEIRIA, em 2013.

“Era ainda um garoto” quando integrei o MUD Juvenil, na distribuição de folhetos e mensagens do contra. Seguiram-se outras tarefas mais complicadas, que incluíam viagens e reuniões partidárias, engendrando estratégias pela defesa dos pescadores, dos agricultores e outros grupos profissionais. Até que, dia 13 de Abril de 1964, já casado e com um filho pequeno, foi levado pela Pide. Nesse ano, oito marinhenses foram detidos pela polícia política.

O seu cárcere durou dois anos. “Corri todas prisões”, lembrava Lenine Moiteiro: identificação na sede da Pide, depois Aljube, Forte de Caxias, Porto e Peniche.

“O pior eram os interrogatórios, onde nos malhavam forte e feio, mas também as saudades da família”, notava Lenine Moiteiro, que passou quase um ano sem poder ver o filho.

Regressado do cativeiro, havia de ter outro menino. Mas o início da liberdade não foi fácil. Sem emprego à vista, chegou a ponderar emigrar. Preparava-se para fazê-lo quando teve emprego na garrafeira Cive, onde se manteve até à reforma, aos 63 anos.