Viver

“Levantados do chão”

2 mai 2016 00:00

Arquitectura como finalidade

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A cidade é por excelência o lugar da arquitectura e da sua extensão alargada no tempo e no espaço. É, possivelmente, a melhor expressão da dinâmica empreendedora do Homem e do seu percurso, a cidade reflecte a história, como tal, a história será sempre uma referência incondicional do estudo da cidade.

Por princípio “a cidade é, antes de mais, revelada pelo seu topos constituinte”, pela sua apetência. A massa edificada é tão relevante como o vazio que a separa, as suas proporções e escalas influenciam os modos de vida, e consequentemente as variáveis sociais e culturais que a representam.

É aqui, sobre o tema da aptidão, essência e predisposição que a cidade de Leiria tem de ser entendida, pela expressão e “natureza cultural”, e como esta, não se pode subjugar a enxertos e colagens mandatadas, por mais bem-intencionadas que sejam…

Pois o que parece cómico, mas que pode até ser…, é que a estratégia decorrente passe por acções de combate à (i)mobilidade, e que estas possam estar na raiz do desaparecimento progressivo das “arvenzinhas”, por serem um evidente impedimento ao progresso dos novos fluxos urbanos.

Um mal que robustece em argumentos que vão das alergias, à actividade local dos ciclones, passando pela sujidade das estradas e dos passeios, às quedas incapacitantes, não esquecendo, claro, o terror da Intifada leiriense, fundada no diabo das laranjeiras do terreiro. 

Enfim, uma natureza avassaladora e que, per si, deve justificar o actual estado do casco urbano na cidade antiga, a sua parca revitalização, urgência e exigência. Pois, as soluções centram-se como sempre no essencial, nas árvores e nos carros, mesmo que em nome das gentes e do seu bem-estar para um futuro “verde” - sem árvores - complementada numa “cidade sem carros”.

O que se justifica perfeitamente, sobretudo se considerarmos uma centralidade urbana que tem mais habitações do que habitantes. A proposta da mobilidade parece ter uns laivos de excentricidade, não sei se é pelos badalados milhões atribuídos ao pelouro, se pela grandeza das ideias.

Compreenda-se a sugestão da, mal comparada, proposta “limpeza vegetal geral” para o Largo do República com a sumptuosa Praça Pombalina dos ministérios, no Terreiro do Paço.

Do mesmo modo, a alteração da estrada para a frente da Quinta Portela privilegia esse mesmo incomparável estadão, “justapondo” o poder publico sobre o privado, não olhando a esforços e incongruências como o alinhamento viário consolidado e recentemente reforçado com a variante dos Capuchos.A propósito, e passo a leviandade da sugestão, a coisa até podia resolver-se com um tunelzito do tipo “Marquês”… 

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