Viver

Livre-se do stress. Vá colorir um livro!

28 jan 2016 00:00

Assaltaram os tops de vendas internacionais e surpreenderam também em livrarias portuguesas, que lhes dedicam agora espaços próprios e destaque. Colorir livros é uma coisa séria!

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Jacinto Silva Duro

Para caracterizar esta moda, quase optámos por dizer que é um substituto do famoso Sudoku, mas desistimos dessa caracterização para dizer que se trata antes de um poderoso anti-stress, que pode ser tomado q.b..

Falamos dos livros de colorir para gente adulta. Recorda-se dos tempos em que passava horas a pintar linhas de desenho, a preto e branco, em livros de colorir, quando era criança?

Agora pode continuar a fazê-lo com livros destinados a gente crescida. Não se preocupe, ninguém o vai considerar infantil caso o apanhem com a mão na massa ou, neste caso, com um lápis-de-cor na mão.

Assaltaram os tops de vendas internacionais e surpreenderam também em livrarias portuguesas, que lhes dedicam agora espaços próprios e destaque. Colorir livros é uma coisa séria! São exercícios de relaxamento, meditação ou puro passatempo para o qual só precisa das cores do arco-íris.

Depois, é só preencher as formas, dar cor e vida às ilustrações, enquanto o tempo voa. Na Arquivo Livraria, dizem-nos que desde antes do Verão que há grande procura deste tipo de livro.

Naquele espaço da cidade de Leiria, há livros com desenhos muito minuciosos, complexos como os puzzles com cinco e seis mil peças, e há outros que não precisam de tanta atenção. Há até, para quem sonhar ver-se na pele de um grande artista, desenhos que replicam alguns do mais famosos quadros de todos os tempos e artistas como van Gogh.

Mas os temas podem ser actores de Hollywood, flores, padrões abstractos, arquitectura e motivos geométricos. Porém, esta moda, efémera como todas as outras, tem já uma evolução: livros de ligar pontos, com temas para gente crescida, é claro. Mas voltemos aos livros de colorir.

“Sempre gostei de pintar - sei que a palavra crescida é colorir -, mas nunca de desenhar. Não é algo que faça muito, mas, de vez em quando, apetece-me, para tirar a cabeça das outras coisas”, explica Matilde Neves, 23 anos, a concluir uma tese de mestrado em psicomotricidade.

Afiar e sorver o aroma a lápis acabado de aparar é um prazer que nos leva a tempos mais despreocupados de infância e está também relacionado com o processo de colorir livros. Matilde segue as linhas, uma vez que os desenhos que a apaixonam não são propriamente realistas.

“Posso usar as cores que quiser. Mas se for um desenho humano ou animal o mais provável é tentar utilizar cores normais.” A finalizar a dissertação de Mestrado em Biologia, Ana Poças, 23 anos, conta que, quando começou a colorir livros, os amigos diziam-lhe que era “coisa de criança”.

“Nunca mo disseram muito, era raro. Agora já é uma actividade mais 'popular'.” Ana revela que nem sempre o objectivo de relaxar funciona. “Às vezes quase me enerva mais do que relaxa, porque não fica como quero ou, no final, não me parece agradável à vista.”

Prefere não “inventar” muito com o tipo de cores. “Até tenho alguns problemas porque tenho a tendência de ir sempre para os mesmos tons, por isso, torna- -se também um exercício nessa área”, diz. Quando acaba de pintar refere ser normal que as imagens sejam de uma cor e suas variantes, “e não um arco-íris aleatório”.

Vera Faustino, 29 anos, doutoranda em Engenharia Biomédica, descobriu os livros de colorir para gente crescida e a paixão de pintar dentro – ou fora – dos risquinhos, no ano passado, no Verão. “Em criança, sempre gostei de preencher espaços brancos nos livros e quadrículas.”

Aliás, para Vera, hoje, tal como quando era criança, preencher os espaços brancos com cores é o que mais lhe agrada. “Pinto principalmente porque é relaxante. É como construir em legos mas no papel”, confidencia.
 

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