Sociedade
Mais de 160 exclusões de responsabilidade no hospital de Leiria
Desde Novembro, a Ordem dos Médicos recebeu 163 declarações de exclusão de responsabilidade dos médicos da urgência do Hospital Santo André, em Leiria.
Desde Novembro de 2021 até ao dia de hoje foram enviadas para a Ordem dos Médicos do Centro 163 declarações de exclusão de responsabilidade. Destas, 116 são provenientes dos médicos especialistas em Medicina Interna.
A situação é denunciada pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) numa nota de imprensa, na qual a organização explica que em causa “está a falta de recursos humanos com grave prejuízo para a prestação dos cuidados de saúde à população”.
De acordo com a SRCOM, os números de Leiria “superam todos os restantes hospitais da região Centro juntos”.
Entre os problemas reportados dos médico, especialistas de Medicina Interna, de Cirurgia Geral e da área generalista do Serviço de Urgência, está a “existência de escalas incompletas, não cumprindo as normas da Ordem dos Médicos e do respectivo Colégio”.
Os médicos apontam ainda “dificuldades em realizar todas as tarefas dado o reduzido número de médicos para a urgência e bloco e áreas dedicadas a doentes respiratórios”.
Há ainda queixas reportadas pelos médicos especialistas de Ginecologia/Obstetrícia, que “para além da escassez geral de médicos, declaram carência de médicos com competência para a realização de ecografias obstétricas”.
Nos últimos meses, têm vindo a público informações que dão conta do desvio de doentes urgentes e emergentes para outras unidades hospitalares da região. “É uma situação muito grave e ilustrativa da paralisia do Ministério da Saúde, que pode ter repercussões muito negativas na resposta aos doentes que recorrem a este Serviço de Urgência”, afirma o presidente da SRCOM.
Citado naquela nota de imprensa, Carlos Cortes alega que “não é possível manter uma urgência hospitalar nestas condições de penúria e não é mais aceitável o silêncio complacente do ministério”.
O médico apela a “uma intervenção urgente da parte do Ministério da Saúde, pois não é viável ter um serviço de urgência inoperacional”, considerando que “tal configura uma situação de extrema gravidade e que deve ser encarada com a maior brevidade, em defesa da melhor resposta aos doentes”.
“Como é possível a urgência do hospital [de Leiria] já ter encerrado 50 vezes desde o início do ano e o Ministério da Saúde não ter tomado ainda nenhuma medida para ajudar e apoiar o hospital?”, questiona Carlos Cortes, defendendo que “é preciso passar à acção e acabar com a evidente inacção do ministério que está a destruir pouco a pouco o SNS [Serviço Nacional de Saúde]”, constatou.
Esta terça-feira, a SRCOM reunirá com o conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria, seguindo-se uma reunião na Ordem dos Médicos em Leiria.