Sociedade
Mais de 3400 pessoas já subscreveram petição contra aumento da água no Pinhal Interior
Há casos de aumentos superiores a 100 e a 150%. A empresa intermunicipal promove hoje uma sessão de esclarecimentos
Foi com “estupefacção” que Luís Graça, residente em Ervideira, Castanheira de Pera, recebeu a última factura da água, a primeira emitida pela APIN, uma empresa constituída por 11 municípios da zona do Pinhal Interior para a exploração e gestão dos serviços de água, saneamento e resíduos desses concelhos, onde se inclui Ansião, Alvaiázere, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande.
O morador que habitualmente pagava “entre 7 a 12 euros” tem agora uma factura por liquidar de 318,71 euros.
“Só pode ser um erro”, admite Luís Graça, que já pediu esclarecimentos à Câmara de Castanheira Pera. O munícipe conta ainda que, apesar de a povoação não ter rede de saneamento, este está também a ser cobrado.
No seu caso, são 134,46 euros.
No concelho vizinho de Figueiró dos Vinhos, Paula Nunes, que pagava “cerca de 9 euros”, tem agora uma conta de 23 euros, valores referentes à sua loja. “Ainda não recebi a factura da casa. Até estou com medo”, refere a moradora, que considera “um exagero este aumento de 155%”.
Dulce Pereira, também residente neste concelho conta, através do Facebook, que antes pagava “no máximo sete euros”. Agora, a factura totaliza 38,51 euros.
A subida dos preços motivou já uma petição pública que, até ao início da tarde de ontem, tinha sido subscrita por cerca de 3150 pessoas.
“Embora tenha sido enviada alguma informação, nada faria prever um impacto tão grande nos orçamentos familiares e das empresas. A existirem aumentos, deveriam ser feitos de forma mais gradual”, pode ler-se no documento, que contesta também a cobrança do serviço de saneamento em locais onde este não existe.
Em comunicado, a APIN esclarece que garante a “prestação do serviço de saneamento a todos os utilizadores”, através de “meios fixos (coberto pela rede de saneamento) ou móveis (veículos limpa fossas), cujo custo é igual para todos os utilizadores”.
A empresa refere ainda que “os utilizadores poderão solicitar que o serviço de limpeza de fossas deixe de ser facturado mensalmente”, através do preenchimento de um requerimento, passando o serviço a “ser facturado autonomamente, quando solicitado ou se se tornar obrigatório pela aplicação do regulamento em vigor, sendo o custo de uma limpeza de fossa de €68,78”.
O assunto chegou já à Provedoria de Justiça, através de um ofício enviado pelo PSD de Figueiró dos Vinhos, que pede ao provedor que se pronuncie sobre algumas dúvidas levantadas por munícipes, nomeadamente sobre a cedência, por parte das câmaras, dos dados pessoais e de facturação dos moradores à empresa APIN “sem autorização” prévia e a aplicação de tarifas de saneamento a quem não dispõe de rede.