Viver
Mamute. Um “desafio grande” em que todos são líderes
Primeiro disco do novo quinteto de jazz está já disponível
César Cardoso e Joel Silva são antigos alunos do Orfeão de Leiria, já partilharam o mesmo palco por diversas vezes e voltam a reunir-se no colectivo Mamute, um novo quinteto de jazz em que todos os músicos são líderes e compõem.
O projecto é apresentado como um encontro de amigos, com percurso de relevo no jazz, que se cruzaram anteriormente em inúmeros momentos e que agora contribuem em fatias iguais (cada um com dois temas inéditos) para um “repertório eclético”, mas “coerente”, que “privilegia o espaço para a improvisação e interacção musical”.
Ricardo Pinheiro, por exemplo, chegou a ser professor, no Hot Clube e na Escola Superior de Música de Lisboa, de César Cardoso, que contou com Óscar Graça no último álbum em nome próprio e que já tocou com Miguel Amado num trio.
O primeiro disco de Mamute, com o título Unmute, já disponível nas plataformas digitais e (por encomenda) no formato físico, traz “música muito enérgica, que contagia o público”, comenta César Cardoso. Depois da estreia ao vivo, o concerto de lançamento do álbum estava previsto para este mês no Hot Clube de Portugal, entretanto encerrado, por ordem da Câmara de Lisboa, devido a riscos estruturais detectados no edifício. Está a ser preparada uma data de substituição.
Dar vida ao quinteto Mamute representa “um desafio grande”, considera César Cardoso, porque a proposta passa por “uma estética” que diverge de uma estrutura compartimentada. Sem abandonar os fundamentos do jazz, aproxima-se da sonoridade rock – e há um baixo eléctrico, em vez de um contrabaixo.
Um novo caminho também para alguns dos músicos envolvidos? “Sim, para mim, na verdade, a abordagem é diferente daquilo que eu costumava fazer”, concede o director artístico da Orquestra Jazz de Leiria, que fala de um “grupo sólido com músicos criativos”.
Nele se encontram, então, Ricardo Pinheiro (guitarra), Óscar Graça (piano) e Miguel Amado (baixo), além de Joel Silva (bateria) e César Cardoso (saxofone).
“Aqui o desafio foi fazer com que o disco tenha um som orgânico e que haja um fio condutor”, acredita Joel Silva, que se mostra satisfeito com o resultado homogéneo que o grupo conseguiu alcançar. Para alguém que se expressa, sobretudo, através da percussão, “é uma forma de sair da zona de conforto” e materializar ideias. “Hoje em dia há muitos bateristas a compôr, começa a ser natural”, refere ao JORNAL DE LEIRIA. “Não me vejo como baterista, acima de tudo vejo-me como músico”.
Dos Mamute, diz que se trata de “uma mistura de influências, uma fusão de estilos”, a contribuir para “um som moderno”.
Com créditos em mais de 50 trabalhos de estúdio, Joel Silva acompanha regularmente a fadista Sara Correia e também o contrabaixista Bernardo Moreira, no projecto Entre Paredes, inspirado na música de Carlos Paredes. Participou no último disco gravado por Salvador Sobral, gravou recentemente com a sueca Anna Lundqvist e este ano vai juntar-se a António Zambujo nos espectáculos dedicados ao cantor Max.
Editado pela etiqueta norte-americana Inner Circle Music, o disco de estreia de Mamute abre com “Eigtheen”, faixa assinada por César Cardoso, que também compôs “Th”, e fecha com “Unmute”, tema da autoria de Joel Silva, tal como “Y”.