Abertura
Mina da Guimarota. Há um novo fôlego para contar a história dos fósseis que colocam Leiria no mapa da ciência
A equipa do Museu de Leiria – que já tem os primeiros carvões e fósseis – desafia a população a contribuir para uma futura exposição sobre a mina da Guimarota, que desde a segunda metade do século XX é uma referência, a nível mundial, para os investigadores da vida no Jurássico
A tarde envelhece devagar e na mesma sala do Museu de Leiria estão reunidos antigos trabalhadores da mina da Guimarota, familiares e cientistas. É um momento raro. O livro de achados que inscreve Leiria na lista de lugares do mundo obrigatórios para a paleontologia tem 150 milhões de anos mas alguns capítulos continuam por escrever. Entre os fósseis identificados há décadas por investigadores alemães sobressai a descoberta do primeiro esqueleto articulado, e quase completo, de um mamífero primitivo do Jurássico superior. E também restos de crocodilos, tubarões, dinossauros terópodes e saurópodes, répteis voadores (pterossauros) e aves primitivas, conchas de bivalves e gastrópodes, peixes, tartarugas e lagartos, todos protagonistas de um pântano costeiro, pontualmente invadido por água salgada, com clima tropical e vegetação exuberante. “Uma mina de história e de valor científico que tem sido ignorada”, considera Thomas Silva, que convive com o assunto desde a infância. No horizonte, perfila-se o novo desafio: como reactivar a memória de um legado único?
Na segunda metade do século XX, a mina da Guimarota ficou conhecida internacionalmente como “o lugar do mundo mais rico em mamíferos do Jurássico”, explicou a geóloga Anabela Quintela Veiga, docente do Politécnico de Leiria, na palestra com que o Museu de Leiria celebrou o dia da cultura científica. “É incrível pela diversidade e sobretudo pela variabilidade dos animais que ali morreram”, concorda Bruno Camilo Silva, paleontólogo e presidente da Sociedade de História Natural de Torres Vedras. “Há uma Guimarota e não há mais nenhuma”.
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