Economia

Montras são o precioso trunfo que muitos se esquecem de jogar

14 jan 2016 00:00

Caro comerciante, caro lojista, se por acaso pertence ao grupo daqueles que acreditam que para manter a montra aprumada basta vestir o manequim, saiba o quanto perde por desvalorizar esta vertente do negócio

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Daniela Franco Sousa

Na passada sexta-feira, a Associação Comercial e Industrial de Leiria, Batalha e Porto de Mós (Acilis) divulgou os vencedores da 20.ª edição do Concurso de Montras de Natal, que este ano surpreenderam o júri com criações subordinadas ao tema Brilho de Natal.

Vinte anos volvidos desde que a Acilis lançou o primeiro desafio, o JORNAL DE LEIRIA foi saber o que mudou na vitrina das lojas da região e que oportunidades estão a (des)aproveitar os seus comerciantes quando executam as suas montras.

Se por acaso pertence ao grupo dos mais distraídos, ficará surpreendido ao perceber quantas regras de ouro tem ao seu dispor para valorizar o seu negócio. Nasceu no concelho de Ourém, mas viveu 30 anos em França.

Foi de resto em Paris que Isabel Vieira fez o seu curso de decoradora vitrinista, corria o ano de 1983. Existiam à época apenas duas escolas privadas que dinamizavam cursos deste género em Paris.

Eram de tal forma conceituadas que recebiam estudantes de toda a França e também alunos vindos do estrangeiro, recorda Isabel Vieira. Em Portugal, contrapõe a decoradora, nem nos tempos que correm o seu curso é reconhecido.

Depois de ter trabalhado alguns anos como decoradora, ainda em França, Isabel Vieira regressou a Portugal, onde começou por ser supervisora na cadeia de lojas Mango. Na última década tem sido formadora de vitrinismo não só nos cursos da Acilis, mas também na Associação Empresarial de Ourém-Fátima e na TJA Consultores.

Explica que “há cada vez mais pessoas a procurar formação nesta área. Os comerciantes não têm margens que lhes permitam pagar a um vitrinista, pelo que se interessam eles mesmos em participar”.

Tão importante é esta vertente, que a decoradora defende que o melhor seria que cada comerciante pudesse fazer formação em vitrinismo ainda antes de abrir a sua loja. “A vitrina é o primeiro vendedor”, defende a decoradora, sublinhando que todo o impacto causado pela loja começa na vitrina.

“O cliente tem de ser seduzido pelo que está na montra”, nota a formadora. Apesar do interesse crescente pelo vitrinismo, continuam a ser poucas as lojas na região que têm o devido cuidado na sua execução.

À excepção de meia dúzia de lojas portuguesas, as melhores montras da cidade de Leiria continuam a pertencer às grandes cadeias internacionais, defende Isabel Vieira. No entanto, prossegue a especialista, para ter uma boa montra não é preciso gastar muito dinheiro.

Basta apenas seguir um conjunto de “regras de ouro” para que a fachada da loja passe a comunicar devidamente com os clientes (ver dicas). “Não é por estar em Leiria que fazemos menos do que se faz lá fora”, salienta, por sua vez, Ana Caseiro, sócia-gerente da Ballet Shop, a loja de Leiria que mereceu o primeiro lugar no concurso de montras promovido este ano pela Acilis.

Foi a primeira vez que Ana e a irmã, Joana Caseiro, concorreram no desafio lançado pela associação, mas o empenho que colocaram na sua vitrina de Natal valeu-lhes o reconhecimento do júri.

A preocupação com a montra, com o aspecto geral da loja e dos produtos sempre esteve presente na Ballet Shop, explica Ana Caseiro. O objectivo da casa, salienta a empresária, é que todo o estabelecimento seja uma montra “de um artigo que é bonito por natureza”.

A trabalhar com sapatos de ponta e outros artigos utilizados numa forma de expressão artística, as comerciantes viajam frequentemente para ver que tipo de inovação se pratica noutras cidades do País e do estrangeiro.

“Vivemos literalmente numa aldeia global. Não nos fixamos no que existe pelo País, tentamos trazer algumas ideias, com as devidas adaptações”, nota Ana Caseiro. Entre as lojas de Leiria que mais cuidado prestam às suas montras estão também as de Bruno Carreira.

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