Desporto
Na Batalha, os filhos vão correr e os pais têm mesmo de ir atrás
A miudagem entra no atletismo e os mais velhos seguem-lhes as pisadas, com muito convívio à mistura.
Não tinha mais de 16 anos quando Joaquim Oliveira fez a última corrida. Foi em Porto de Mós, nas populares festas de São Pedro. Na altura, lembra-se, ficou impressionado com as pernas do grande vencedor, Rafael Marques, atleta da Chaínça que viria a brilhar, mais tarde, com a camisola do Sporting.
“Parece que foi ontem”, mas a verdade é que já passaram quatro décadas sobre esse dia. A vida de Joaquim deu voltas e voltas. Casou tarde, teve dois filhos e foi precisamente por causa do Bernardo e do Gabriel que voltou a vestir o equipamento.
Terça-feira é dia de treino para a miudagem da Batalha. Enquanto dezenas de rapazes e raparigas fazem exercícios sob as ordens de Casimiro Gomes, alguns pais ficam no carro a observar o pessoal a mexer-se.
Outros aproveitam para fazer as compras da semana aos supermercados das redondezas. No entanto, há um número cada vez maior de progenitores que aproveita para seguir o exemplo dos filhos e vai... correr.
Este pequeno grupo de atletas de tenra idade conseguiu convencer os pais a seguirem-lhes os passos acelerados. Cansados de olharem para os 'cotas' sedentários, para as barrigas a crescer e os problemas de saúde a aumentar, fizeram força para que estes calçassem as sapatilhas e fossem dar umas corridinhas à volta do mosteiro.
Joaquim Oliveira, do Reguengo do Fètal, foi dos primeiros. Em vez de deixar o Bernardo e o Gabriel no treino e voltar para casa, resolveu assumir uma postura activa.
Depois de mais de quatro décadas sem dar à perna, o impulso dos filhos foi decisivo para se pôr a mexer. “Foi por causa dos garotos”, garante. “Eles puxaram por mim e agora sou eu que puxo por eles.”
As primeiras corridas foram há dois anos e já se aventura em provas de distâncias longas, para lá de duas dezenas de quilómetros. “Gosto muito, O corpo passa a ser leve”, observou.
No domingo, Joaquim foi correr à Maceira. O filho mais velho Bernardo, de 10 anos, queria ficar na cama, mas com o beijo do pai lá acordou. Ainda foi segundo, enquanto o pequeno Gabriel, de oito, ganhou o escalão. “Os miúdos correm bem”, diz, orgulhoso, Joaquim Oliveira.
“O pai? Também corre bem, mas atrás deles. Já casei tarde e eles têm muito ritmo”, diz, a brincar. Agora só falta mesmo convencer a esposa. “Ela já prometeu que é a seguir e bem precisava, para espairecer, mas tem de ser ela a decidir. Se correr vai ficar de certeza melhor.”