Desporto

Nélson Pousos e os segredos de um relvado perfeito

24 mar 2016 00:00

É ele que há 12 anos trata do tapete do Magalhães Pessoa como se de orquídeas se tratasse. Na véspera dos dois jogos de Portugal em Leiria, fomos falar com quem sabe da poda.

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Esta sexta-feira, pelas 20:45 horas, Cristiano Ronaldo e companhia sobem ao relvado do Estádio Municipal de Leiria. As bancadas vão estar cheias de adeptos que, nestes dias, não escondem o entusiasmo de ver alguns dos melhores atletas do mundo e, claro está, o orgulho de entoar A Portuguesa a plenos pulmões.

Todos esperam fintas estonteantes de Nani, jogadas selvagens do estreante Renato Sanches, grandes defesas de Rui Patrício e golos imparáveis de CR7.

No entanto, para que o espectáculo seja de primeira, houve quem tivesse cuidado de cada erva daquele tapete como se de um filho se tratasse. E dele ninguém fala.

Senhoras e senhores, apresentamo-vos Nélson Pousos. É ele o tratador do relvado do Magalhães Pessoa, onde está desde a remodelação do recinto para o Euro'2004.

Para ele não há futebolistas de primeira e de segunda, pelo que faz questão de deixar o campo nas melhores condições possíveis. É-lhe “indiferente” que seja para um jogo do distrital ou para receber os craques planetários.

Curiosamente, chegou ao ramo não de corta-relvas, mas de pára-quedas. Estava longe de imaginar que um dia iria cuidar de erva, mas como tinha gosto pelo futebol e jogado no Lisboa e Marinha e no Marinhense, encontrou logo motivação.

“Trabalhava numa empresa vidreira, mas fechou. Precisei de encontrar trabalho e como necessitavam de gente para o estádio da Marinha Grande, fui a uma entrevista e fiquei”, recorda. Já lá vão 16 anos.

Passou pela Marinha Grande, por Alcobaça, até que se fixou em Leiria. Onde quer que seja, sabe que o trabalho que faz é pouco valorizado. “As pessoas pensam que é fácil e que não se faz nada, mas não é assim. Tem de se fazer e muito, ainda para mais num campo com esta exigência”, explica Nélson Pousos, de 45 anos.

Há quem não saiba, mas o tratador da relva tem importância, inclusive, na táctica das equipas. Aconteceu na União de Leiria, sobretudo quando Paulo Duarte era o treinador.

“Geralmente, os técnicos gostam de ter a relva cortada muito curta e também molhada, para a bola rolar mais”, explica Nélson Pousos, que revelou um segredo de Jorge Jesus do tempo em que treinava o clube da cidade, há precisamente uma década.

“Quando era com os grandes, que têm jogadores mais técnicos, pedia para deixar a relva um bocadinho mais alta, mas regar bastante nas pontas, para a bola rolar rápido e não a conseguirem apanhar dentro de campo.”

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