Sociedade
"Noutra vida, se não for suricata, não me importava de conseguir o wild card para Wimbledon"
Na Impressão Digital de Hugo Menino Aguiar, há golfinhos, a Google, astronomia e novas tecnologias.
Foi voluntário no Jardim Zoológico de Lisboa, na Quercus e na União Zoófila. Está a trabalhar para a próxima reencarnação?
Sim, é importante saber comunicar com a próxima espécie. Não sei se vou poder escolher mas posso dar uma boa suricata. Disse-me o Timon e mais uns quantos.
Era daquelas crianças que estão sempre a pedir animais de estimação aos pais?
Levava os que encontrava na rua. Normalmente sem dentes, com perna partida e surdos. Depois lidava com a ira do alfa lá em casa e foi nessa altura que comecei a aprender negociação.
No Jardim Zoológico limpava a piscina dos golfinhos, o que é raro.
Gostava da espécie e o Zoo precisava de alguém que soubesse mergulhar com escafandro para limpar uma alga que nasce na piscina. Como tinha o curso decidi dar uma ajuda. Às 7 da manhã e às quartas para não esquecer.
Tem o curso de mergulho, fez teatro, pertenceu ao clube de astronomia. Ainda se dedica a alguma destas actividades ou já se curou do bicho carpinteiro?
Astronomia ainda sigo e, pontualmente, faço observações. Teatro e mergulho infelizmente não. Talvez um dia.
Contou tudo isto à Google, quando se candidatou a uma vaga na empresa?
Sim, eles valorizam, os candidatos são avaliados por diferentes coisas, a forma como usam o tempo na vida, a motivação para aprender e saber mais sobre mundo é relevante no processo de recrutamento.
Há uma espécie de mito urbano sobre as entrevistas de emprego da Google. Qual foi a pergunta mais estranha que lhe fizeram?
São perguntas para perceber como o candidato pensa. O entrevistado tinha que ir pensando em voz alta a resposta. Mas já não se fazem perguntas desse género. O mais estranho foi “qual a velocidade média de um avião entre Lisboa e Paris” e “quantas pessoas são precisas para dar suporte ao produto do AdSense para o mercado brasileiro”.
Trabalhar com a elite da internet é tão bom como parece?
Acho que é melhor. A empresa é incrível e oferece muito mais do que aquilo que passa cá para fora.
Do que tem mais saudades?
Estive em Dublin e em Mountain View durante o meu período na Google. Podia ser da piscina ou do ginásio mas evolui como sedentário durante a estadia. Ter a melhor comida sempre pronta e poder levar para casa dava super jeito. As massagens também gostava. E claro, as pessoas e o ambiente. De Dublin tenho saudades dos pubs, do sentido de humor dos irlandeses, da música, e dos caminhos into the wild.
Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.