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O Filar Rock é rock sinfónico ou uma orquestra de rock?

18 fev 2016 00:00

Juntar em palco 150 músicos a tocar estilos tão diferentes quanto rock e música de filarmónica parece ser uma tarefa difícil mas que, inegavelmente, inspira alguma curiosidade quanto ao resultado final

Jacinto Silva Duro

O Instituto de Jovens Músicos e a Filarmónica de São Cristóvão, ambos da Caranguejeira, Leiria, vão mostrar no sábado como se faz, no palco do Teatro José Lúcio da Silva.

Sabia que a bateria, o sintetizador electrónico, a voz e a guitarra eléctrica também fazem parte do som de uma filarmónica? Não? E se lhe dissermos que uma escola de música e uma banda filarmónica do concelho de Leiria estão a preparar um concerto para este fim-de-semana onde vão reunir, em palco alguns dos mais conhecidos êxitos do pop/rock nacional e internacional com os metais, madeiras e percussão da música filarmónica?

O evento de que falamos é o Filar Rock e acontece este sábado, dia 20, no Teatro José Lúcio da Silva, às 21:30 horas. A iniciativa junta o rock do Instituto de Jovens Músicos, sediado na Caranguejeira, com a música mais clássica da Filarmónica de São Cristóvão da vila. Abba, José Cid, Ala dos Namorados, Scorpions, Queen e a música de outros grupos e artistas, que colhem preferências em várias faixas etárias do público, foram os escolhidos. Jorge Dias, maestro da Filarmónica da Caranguejeira, e Jorge Barbosa, director e professor de formação musical no Instituto de Jovem Músicos (IMJ), também da Caranguejeira, são os falquimistas que resolveram misturar num cadinho estes diferentes estilos de fazer música e transformá-los no epónimo ouro das lendas.

É o terceiro “encontro imediato do primeiro grau” entre estas duas formações. Com uma tuba a soar como pano de fundo, os dois encontram-se na pequena sala de ensaios que serve também como espaço de reuniões da Direcção, e depósitos dos maiores e mais preciosos instrumentos, na sede da Filarmónica de São Cristóvão, para discutir os pormenores do ensaio que se vai alongar noite de sexta-feira adentro.

Devido ao espaço, exíguo para acolher toda a formação da filarmónica da Caranguejeira, os dias de ensaio e as formações foram divididos ao meio, para permitir testar a execução dos temas. Para esta terceira apresentação pública, Jorge Barbosa juntou ao alinhamento três novas canções por fugirem “um pouco” do âmbito do rock.

“São três temas de música portuguesa, o clássico de Clemente, Vais Partir, dois fados e o tema Kiss, de Prince, mas na versão cantada pela Aurea. Os restantes temas serão os mesmos que foram apresentados por duas outras vezes, uma na festa da Caranguejeira e outra no palco dos concertos de Verão, no Jardim Luís de Camões, em Leiria, mas sem a totalidade dos músicos”, explica.

O difícil casamento é uma tarefa partilhada, como todos os matrimónios. A Jorge Dias coube fazer os arranjos para a filarmónica. “Adapta-se às características da banda e depois avançamos para uma sinergia entre os dois mundos: o eléctrico e o acústico”. O resultado é, no caso do fado, uma variante interessante tocada com o trinar das guitarras eléctricas e baterias. Simultaneamente, o conjunto acústico acompanha a “malha” das guitarras.

“Uma das preocupações que tive, ao trabalhar nos arranjos, foi a de nunca esquecer que a filarmónica vai acompanhar os outros músicos e não pode sobressair”, refere. As vozes escolhidas pertencem a alunos do IJM, incluindo um coro constituído por jovens de várias idades. “Os instrumentistas pertencem ao curso certificado da Rock School do IJM, mas alargámos a participação a um coro com todas as idades – os mais novos têm entre 7 e 8 anos -, para ninguém ficar de fora”, conta Jorge Barbosa.

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