Sociedade

O lado B da vida de empresário que ninguém inveja

30 nov 2017 00:00

Para lá de uma vida financeira mais ou menos desafogada, existem agendas super preenchidas e noites de grande preocupação. O JORNAL DE LEIRIA foi conhecer o lado mais espinhoso de quem quis ter o seu negócio.

Daniela Ramos (Foto: Ricardo Graça)
Bruno Carreira (Foto: Ricardo Graça)
Bruno Carreira (Foto: Ricardo Graça)
Bruno Carreira (Foto: Ricardo Graça)
Mário Frutuoso (Foto: Daniela Franco Sousa)
Mário Frutuoso (Foto: Daniela Franco Sousa)
Mário Frutuoso (Foto: Daniela Franco Sousa)
Fátima Neves (Foto: Ricardo Graça)
Fátima Neves (Foto: Ricardo Graça)
Fátima Neves (Foto: Ricardo Graça)
Rui Cardeira (Foto: Ricardo Graça)
Rui Cardeira (Foto: Ricardo Graça)
Rui Cardeira (Foto: Ricardo Graça)
Daniela Franco Sousa

Muitos conseguiram comprar o modelo automóvel que desejavam, outros construiram uma casa de sonho junto à praia. Podem até vestir fato e gravata e coleccionar viagens por países de vários pontos do globo. Mas a vida dos empresários é bem mais espinhosa do que transparece. Dia 25 de Novembro assinalou-se o Dia do Empresário e o JORNAL DE LEIRIA foi conhecer o lado pouco apetecível de quem decidiu abraçar um negócio por sua conta e risco. 

Aos 61 anos, já aprendeu a delegar tarefas nos seus colaboradores, e numa das suas filhas, até porque reconhece que os jovens estão agora mais preparados para responder com rapidez e criatividade às solicitações dos clientes, sobretudo quando os contactos surgem através das novas tecnologias.

Mas só há pouco tempo Fátima Neves começou a poder respirar com mais alívio, depois de longos e intensos anos de trabalho como empresária. Aliás, nunca soube ser outra coisa. Mas essa maior tranquilidade não significa que não se mantenha ainda completamente sintonizada com os seus negócios.

A empresária faz questão de passar todosos dias pel' A Grelha e de ajudar em tudo o que for necessário. E um dos seus projectos é colocar um elevador no restaurante, para nunca deixar de o visitar, mesmo quando as pernas já não cooperarem.

Se conseguiu construir uma casa e oferecer um curso superior a cada uma das suas filhas, mesmo estando separada do pai delas, foi porque nunca teve medo de arriscar e de abraçar os negócios por sua conta e risco, explica a empresária de Leiria.

“Os meus avós vendiam na praça”, conta Fátima Neves, justificando assim a sua veia empreendedora. Começou por ter um negócio na área dos electrodomésticos, seguiu-se um mini-mercado, mais tarde um café, um restaurante e depois a Fatifesta, a empresa de organização de eventos integrada n'A Grelha.

Ser empresária não significa ter uma vida fácil. Antes pelo contrário, expõe Fátima Neves, que recorda tempos inacreditavelmente pesados. “Começava a trabalhar na cozinha pelas 8 ou 9 horas, depois de já ter ido às compras no mercado. Depois ficava até às 3 da manhã a fazer arranjos de flores e decorações”, recorda Fátima.

“Fazia grelhados até ficar com os bracinhos queimados”, relata a empresária. Nos seus primeiros anos de actividade, o mundo dos negócios era dominado por homens. Na restauração, as mulheres ficavam literalmente na cozinha.

Fátima Neves teve de remar contra a corrente. Tinha apenas 21 anos quando foi sozinha pela primeira vez negociar um empréstimo com a banca. E, como era mulher, nunca era convidada para participar em almoços de negócios, salienta a empresária.

As alterações das tendências, as crises, tudo isso exigiu de si grande capacidade para reinventar os negócios. E uma das maiores provas de fogo aconteceu não há muito tempo, aponta a empresária.

Com a grande crise que se instalou entre 2008 e 2014, foram “muitas as lágrimas” derramadas “sem saber se tinha dinheiro para pagar os impostos”. Mas o espírito combativo e a criatividade permitiram-lhe ultrapassar as contrariedades. Hoje, Fátima emprega 25 pessoas, organiza eventos por todo o distrito de Leiria, Coimbra e Lisboa e chega a assegurar coffee break para 600 pessoas. 

Ver uma oportunidade em cada dificuldade

Rui Cardeira tem 55 anos, 16 dos quais vividos à frente da agência imobiliária Cardeira e Costa. E antes deste, foram muitos os negócios constituídos pelo empresário. Um mini-mercado, um bar e o comércio de produtos para a indústria foram algumas dessas primeiras experiências.

“Sempre tive vontade de dirigir os meus próprios projectos”, conta Rui Cardeira, frisando que não é caso isolado na família. Há pelo menos dois tios que também se aventuraram em negócios por conta própria.

Neste momento, Rui Cardeira já se pode dar ao luxo de fazer algumas viagens. Comprou uma casa de férias no Algarve e tem um bom automóvel. Mas para o alcançar teve de percorrer um caminho de muito trabalho, que ainda não terminou.

Quando fundou a Cardeira e Costa, a empresa tinha apenas três colaboradores, sendo que dois eram os sócios. E a agência tinha ainda pouco tempo de actividade quando a crise no sector imobiliário fez balançar a empresa, impondo grandes mudanças. Rui Cardeira lembra-se perfeitamente dos dias em que deixava a filha bebé no infantário e seguia de carro a pensar no que poderia fazer ao negócio. Tempos de grande angústia. Mas nessa altura, como agora, sempre procurou encontrar oportunidades na adversidade.

Logo ao estalar da crise, em 2008, a Cardeira e Costa formou parceria com a marca Century 21 e o negócio não deixou de crescer. Como está à frente de duas empresas complementares, uma de mediação imobiliária, e outra de compra e venda de propriedades, Rui Cardeira teve de fazer um esforço acrescido, sobretudo nos primeiros anos nesta actividade.

Não esquece um dia 1 de Novembro, feriado em que toda a família estava em casa, e o empresário teve de sair e conduzir sob uma imensa tempestade para tratar do negócio de uma propriedade em Lisboa.

Actualmente, apesar do êxito e crescimento das empresas, Rui Cardeira passa boa parte dos dias em reuniões em cada um dos três escritórios, dividindo-se entre Leiria e Marinha Grande, e em viagens mais longas para trabalhar no terreno. Aproveita muitas vezes o período de almoço para trocar impressões com colaboradores. Que são já 55. Quanto à hora de regressar a casa, essa nunca é fixa, salienta o empresár

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