Sociedade

O que Fátima podia ter sido

2 mar 2018 00:00

Ao longo das décadas, foram muitas as ideias e propostas para intervir no Santuário de Fátima que nunca saíram do papel, como a edificação de uma cripta, a cobertura da zona entre as colunatas ou a construção de uma nova capelinha das Aparições.

Fotos: Santuário de Fátima
Foto: Santuário de Fátima
Foto: Santuário de Fátima
Foto: Santuário de Fátima
Foto: Santuário de Fátima
Foto: Santuário de Fátima
Foto: Santuário de Fátima
Imagem cedida pelo Santuário de Fátima
Imagem cedida pelo Santuário de Fátima
Imagem cedida pelo Santuário de Fátima
Maria Anabela Silva

Nasceu e cresceu a partir do zero. De uma cova, à qual foi dada o nome de Iria, onde apenas havia pedras e alguma vegetação, pouca, que conseguia romper a dureza do calcário da Serra de Aire. Um cenário muito diferente do que é hoje.

Mas, para chegar ao figurino actual, muitos foram os projectos pensados e desenhados para o Santuário de Fátima, boa parte dos quais nunca saiu do papel.

É disso exemplo a proposta de uma cobertura do espaço entre as duas colunatas, os sucessivos projectos para a capelinha das Aparições ou o plano para a construção de uma grande escadaria, ladeada por 14 capelas, a ligar a zona de cova ao monte onde foi erguida a Basílica de Nossa Senhora do Rosário.

Houve ainda uma proposta para a edificação de uma segunda capela das confissões, que existiu no sítio onde hoje se localiza parte da escadaria em frente à colunata. Mas não só a réplica não avançou como o original acabou demolido.

Salvo da demolição, foi o fontanário, cujas origens remontam ao tempo das primeiras construções em Fátima e que abastecia os peregrinos e ajudou ao desenvolvimento das obras na Cova da Iria.

Ainda hoje esse fontanário lá está, bem próximo da capelinha das Aparições, mas invisível e inacessível a quem visita o santuário. Encontra-se subterrado, a alguns metros de profundidade, debaixo da coluna existente no centro da rotunda do recinto, sendo apenas “visitável” pelos serviços técnicos do santuário.

“É uma marca desse tempo antigo, que permite avaliar quão mais fundo era o terreno da Cova da Iria”, refere Marco Duarte, director do Serviço de Estudos do Santuário de Fátima, explicando que o fontanário foi subterrado pelo plano de Cottinelli Telmo para a regularização do recinto, com a criação da plataforma para a reunião das assembleias.

Além de dar uma noção da “sinuosidade” do terreno, o que ficou debaixo do asfalto tem servido para alimentar o “mito” da existência de corredores subterrâneos no santuário. “Todos os mitos têm sempre um fundo que proporciona essa visão. O mito dos túneis vem daqui. Realmente, debaixo deste recinto existem percursos, que são muito curtos, porque ele foi subterrado”, conta o historiador.

Capelinha resistiu a diversos projectos

Erguida por populares em 1919 e reconstruida em 1922, após ter sido dinamitada num ataque bombista, a capelinha das Aparições esteve sempre, ao longo de décadas, no centro de uma “tensão entre a arte popular e a arte erudita”. Neste caso, venceu a primeira, com a manutenção do templo original e o abandono dos sucessivos projectos que pretendiam retirar-lhe a linguagem

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