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O que originou o estilo 'indie' de Leiria e Marinha Grande?
Por que razão o Barreiro gosta de sons pesados e Braga é mais electro-indie? Pode ter tudo a ver com o ambiente empresarial. No livro 'Música das Cidades', Manuel Vicente explica que podem ter sido as “indústrias inovadoras” a inspirar o 'indie' na região
Uma “natureza diversa” que vai do “intimismo acústico e sussurrado” aos “sons saturados e acordes que amargam”. É assim que Manuel Fernandes Vicente, autor do livro Música das Cidades – Sons do Mundo, descreve a sonoridade indie presente em Leiria e Marinha Grande, inspirada “no risco e na tradição das indústrias inovadoras”. Sons que revelam “uma cultura de independência, de livre iniciativa e risco”, além do “culto pela originalidade”, sem medo do insucesso.
A curiosidade de querer saber “o que estava por detrás das músicas”, o que as “impulsionava”, resultou em diversas crónicas pelo autor, há cerca de duas décadas, para o ainda jornal Blitz. Após 52 textos escritos, juntou-os em páginas de um livro e logo apareceram mais publicações, fruto da sua pena.
O Povo do Tejo foi publicado há dois anos seguindo-se Música nas Cidades. O mais recente, Música nas Cidades – Sons do Mundo, apresentado no domingo, 2 de Julho, no Centro Cultural do Entroncamento, é o terceiro volume de uma colecção com diversas compilações de textos “cujo alvo é a inter-relação entre estilos musicais e algumas cidades do planeta”.
O simples acto de ouvir música nunca era apenas isso. “Procurava os motivos que acrescentavam mais beleza à música”, afirma o autor, que foi professor de Matemática na Marinha Grande. São vários os textos que integram este livro e estabelecem a relação entre a história, a cultura e a indústria de determinada cidade e a influência no estilo musical ali vivido. “As músicas criadas em cada cidade são o reflexo social e emocional das suas fantasias”, sublinha.
Leiria é “mais história, cultura e serviços”. Marinha Grande é “mais proletariado, trabalho e indústria”. Reconhecendo as “naturezas distintas” das duas cidades, Manuel Vicente afirma que existe “uma complementaridade e um elo de carácter comum que as associa num eixo urbano efectivo”.
Cidades vizinhas que “em vez de um muro, construíram uma autoestrada e em vez de rivalidades perceberam que um eixo urbano lhes daria escala e conhecimento para se tornarem num pólo do segmento de moldes e plásticos respeitado internacionalmente”.
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