Sociedade

O relato de uma cidadã ucraniana em Leiria: “Esta é a minha casa a ser bombardeada”

28 fev 2022 17:05

Imagens de zona residencial em Kharkiv, na Ucrânia, onde moram familiares de uma cidadã ucraniana radicada em Leiria

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O vídeo mostra um bairro na cidade ucraniana de Kharkiv e uma coluna de fumo com origem num edifício de vários pisos. “É o prédio onde vivi desde os meus 16 anos e onde vivem os meus pais”, explica Alina Shevchenko, que partilhou as imagens. “É o meu prédio, o apartamento atingido é ao lado, do outro lado do elevador”.

Há 15 anos a residir em Leiria, utilizou as redes sociais para denunciar a situação no país de origem e na cidade onde cresceu, a segunda maior da Ucrânia, muito perto da fronteira com a Rússia: “Esta é a minha casa a ser bombardeada”.

Momentos depois de ver o vídeo pela primeira vez, Alina conseguiu, a partir de Portugal, falar por telefone com a mãe. “Estava a descer as escadas com a minha avó às costas”. Fugiram para o local de trabalho do padrastro. Conseguiram escapar sem ferimentos.

Em Kharkiv, pelo menos 11 pessoas morreram e centenas ficaram feridas hoje num ataque de mísseis russos em bairros residenciais, informou o governo ucraniano.

"Kharkiv. Um ataque impiedoso e sem sentido a um bairro residencial com mísseis! Cadáveres nas ruas", escreveu Anton Guerashenko, assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, no serviço de mensagens Telegram, onde divulgou vídeos com imagens do ataque, refere a agência Lusa.

“O inimigo russo está a bombardear áreas residenciais”, informou também Oleg Sinegubov, governador regional em Kharkiv, adiantando que dado os bombardeamentos ainda estarem “em curso”, os serviços de resgate não podem ser chamados.

Vários prédios estão a ser atingidos” na zona residencial de Kharkiv onde mora a família de Alina Shevchenko, adianta ao JORNAL DE LEIRIA. Há vários dias que ocorrem bombardeamentos.

Até à data, a imigrante ucraniana em Leiria tem conseguido conversar todos os dias com os familiares. Queria tê-los por perto, em Portugal, sabe que será difícil. “Tenho noção que eles não conseguem”. As distâncias a percorrer até à fronteira com a União Europeia são grandes e, por outro lado, não podem deixar para trás familiares mais velhos que provavelmente não aguentariam a viagem.

As últimas informações obtidas por Alina Shevchenko indicam que em Kharkiv “alguns transportes estão a funcionar”, embora existam barreiras de controlo na cidade. “A minha mãe não saiu de casa nesses dias todos, desde dia 24”. É “muito difícil comprar pão” e nas lojas (com filas para entrar) já se vêem “prateleiras vazias”.

A quem está longe, resta esperar. E contribuir como pode, por exemplo, através de donativos no contexto da recolha de bens monitorizada pela Câmara Municipal de Leiria.

Não é guerra entre povos, somos todos irmãos”, conclui.