Sociedade

"Olá! Olá! Bom dia, Bom dia". A amiga Lelita está no ar

6 nov 2016 00:00

"Sempre fiz tudo para ser feliz", diz Maria Manuela Jorge, ou Lelita, animadora na ABC Rádio, em Ourém, há mais de 27 anos.

ola-ola-bom-dia-bom-dia-a-amiga-lelita-esta-no-ar-5327
Maria Anabela Silva

O sorriso. Sempre o sorriso, que nem as agruras da vida conseguiram esmorecer. É assim que Maria Manuela Jorge nos recebe em sua casa, em Atouguia, Ourém. Poucos saberão a quem nos referirmos, mas se falarmos de Lelita, então, o caso muda de figura e muitos se lembrarão do inconfundível cumprimento com que costuma iniciar o seu programa na ABC Rádio, em Ourém: “Olá! Olá! Bom dia, bom dia”.

A forma alegre e espontânea com que se apresenta aos microfones da rádio, há mais de 27 anos, ajudaram- na a criar uma relação de proximidade com os ouvintes, que, na maioria dos casos, a acompanham há anos.

Mas nem só de rádio se faz o percurso artístico de Lelita, que se tem dedicado também à música e que, nos últimos anos, descobriu novas paixões: pintura, escrita e teatro.

“Sempre fiz tudo para ser feliz”, começa por confessar, enquanto vai folheando o álbum de recordações, das que guarda na memória e no coração, mas também daquelas que tem acumulado em “todos os cantos” da casa.

“Sou muito saudosa e sinto necessidade de guardar coisas. Um simples papel, uma factura, um saco plástico, um cartaz… Preciso de ter objectos para tocar e alimentar a minha veia saudosista”, confessa.

As memórias de infância remetem-na para a Rua de Castela, na cidade de Ourém, e para uma “casinha pequenina”, onde viveu com a avó Joana, que a criou e a educou. “Sem dúvida, a mulher da minha vida. Deu- -me tudo o que precisava. O carinho e a liberdade para crescer em contacto com a natureza”, conta, revelando que, foi também a avó que lhe incutiu o gosto pelas “cantorias”, com os 'espectáculos' que lhe encomendava e que tinham como palco a soleira da porta.

“Sentava-me aí e cantava. Terminava sempre, a pedido dela, com uma canção do Joselito [cantor espanhol que se destacou sobretudo na infância]. Fingia que havia público. Fazia a apresentação e despedia- -me com um 'até manhã se Deus quiser’. E íamos as duas satisfeitas para a cama.”

A alegria proporcionada pela música servia também como escape à natural nostalgia provocada pela ausência dos pais, que se divorciaram quando ela tinha dois anos e com os quais teve pouco ou nenhum contacto. “Um divórcio nos anos 40 [do século passado] não era coisa fácil para uma sociedade ainda muito rural como era Ourém. Claro que essa ausência me marcou. Só descobri o verdadeiro significado da palavra mãe depois de casar e de ter filhos”, recorda, enaltecendo o papel que o marido desempenhou nessa descoberta e ao longo dos mais de 52 anos de casamento.

Uma relação que começou com um curto namoro de dois meses. “Ele veio cá de férias e ia regressar a Angola. Aceitei o pedido de casamento e fui com ele. Tive muita sorte. Casei com um homem espectacular”.

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.