Sociedade

Ordem dos Médicos do Centro condena fecho temporário das urgências do Hospital de Leiria

13 out 2021 09:24

Situação é "insustentável"

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"Às 17 horas de ontem, dos 20 utentes que estavam em espera para serem observados, 14 eram não urgentes"
Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

A Ordem dos Médicos do Centro condenou o encerramento das urgências do Hospital Distrital de Leira, que encerrou ontem às 22 horas de ontem, por falta de médicos, considerando que situação é grave e resulta da “gestão negligente” do Governo.

Em comunicado, o Centro Hospitalar de Leiria (CHL) informou que "o acesso ao Serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André será limitado, com o possível reencaminhamento de alguns doentes para as Urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra".

A situação verificou-se até às 8 horas de hoje, quarta-feira.

Na sequência desta decisão, a Ordem dos Médicos do Centro considerou, em comunicado, que o encerramento do serviço do Hospital de Santo André (Hospital Distrital de Leiria) “é insustentável”.

Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, citado na nota, “tal situação gravíssima resulta de uma gestão negligente por parte do Ministério da Saúde que pode redundar em consequências graves para a população”.

“Esta situação é inédita para um hospital desta importância e configura o que está a acontecer em todo o Serviço Nacional de Saúde, uma ruptura muito preocupante da sua capacidade de resposta”, sublinha Carlos Cortes.

O responsável adiantou ainda que, à hora de emissão do comunicado, a Direcção clínica do hospital de Leiria deu conta que estariam "140 doentes dentro da urgência” e que o hospital “não tem capacidade para assumir mais doentes”.

“Recorde-se que, dada a gravidade da situação que tem ocorrido no Hospital de Leiria, a SRCOM apelou recentemente à intervenção directa da ministra da Saúde que, até ao momento, não deu qualquer resposta concreta para resolver este problema, configurando um acto de profunda negligência e irresponsabilidade para a população do distrito de Leiria”, lamentou.

O Centro Hospitalar de Leiria explicou que a medida se deve a três razões essenciais”, como o facto de “continuarem a acorrer ao CHL muitas falsas urgências (às 17 horas de ontem, dos 20 utentes que estavam em espera para serem observados, 14, ou seja, 70%, eram não urgentes)”.

A medida é também justificada por as “Urgências da ADR [Área Dedicada para Doentes Respiratórios] do Hospital das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste terem encerrado ontem [segunda-feira] e estarem a ser reencaminhados doentes” para o hospital de Leiria.

Outra razão prende-se com o facto de na segunda-feira “se ter registado o recorde desde 1 de Janeiro deste ano do número de doentes atendidos no Serviço de Urgência Geral” do Hospital de Santo André “de 404 doentes, sem que tenha sido possível, não obstante todos os esforços, alocar reforços médicos necessários para uma resposta compatível”.

No comunicado, o CHL reitera o apelo para que os utentes se dirijam “ao Serviço de Urgência apenas em casos mesmo urgentes”.

“No seu próprio interesse, os utentes devem adotar as medidas já divulgadas em situações anteriores, utilizando de forma correta as urgências hospitalares. Recorda-se que, em caso de doença, o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 - 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença e medicação”, adianta.

O CHL pede ainda aos utentes que recorram aos “cuidados de saúde primários, dirigindo-se ao seu centro de saúde para serem assistidos pelo seu médico de família, ou pelo seu médico assistente, ou para serem observados na consulta aberta”.

“Destaca-se que o Centro de Saúde da Marinha Grande dispõe do Serviço de Atendimento Permanente, que funciona 24 horas por dia, todos os dias, bem como o Centro de Saúde de Ourém, que tem um Atendimento Complementar, que funciona aos sábados, domingos e feriados, das 9 às 19 horas”, acrescenta o comunicado.

Segundo o seu ‘site’, o CHL, que integra também os hospitais de Pombal e de Alcobaça, tem como “área de influência a correspondente aos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Ourém e parte dos concelhos de Alcobaça e Soure, servindo uma população de cerca de 400 mil habitantes”.