Desporto

Os segredos de uma equipa que renasceu para voltar aos nacionais

3 jun 2022 09:00

Paixão e bairrismo ajudam União Desportiva da Serra a vencer a Divisão de Honra

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Adeptos juntaram-se aos jogadores e equipa técnica para festejar conquista
Nuno Abreu
Patrícia Carreira Gonçalves

Invadiram o campo para fazer a festa assim que ecoou o apito final. Entre saltos e cerveja pelo ar, os abraços de jogadores, técnicos e adeptos marcaram a “felicidade de uma vitória saborosa entre família”.

Onze anos depois, a União Desportiva da Serra carimba o regresso aos campeonatos nacionais ao sagrar-se campeã da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Leiria.

“A partir do momento em que o clube tomou a decisão de não inscrever a equipa [no campeonato nacional] houve um processo de construção, estivemos vários anos na distrital e tivemos de renascer”, explicou o avançado Pedro Miguel Gordo, de 26 anos, ao cair do pano da última jornada que se revelou uma autêntica final.

Com um golo ‘serrano’ certeiro na baliza do segundo classificado Sporting Clube de Pombal, a equipa de Santa Catarina da Serra, no concelho de Leiria, encheu-se de cor.

“É meter o clube no sítio onde tem de estar e ser campeão na equipa da terra é incrível”, partilhou entre festejos o jogador que carrega o emblema negro há muitos anos.

“Ninguém nos pediu isto, mas os jogadores começaram a acreditar e não desarmaram, mesmo lesionados”, acrescentou o treinador Carlos Gonçalves, de 39 anos, que há três épocas regressou ao clube.

“A pandemia fez-nos sofrer muito, no ano passado subimos para a honra no limite e agora ganhámos porque estas pessoas merecem”, explica quem apostou “numa equipa com atletas da formação, jogadores da terra e o reforço com apenas alguns experientes e consagrados”.

Ainda no relvado e entre ‘placagens’ dos jogadores que cantam “nós somos campeões”, Cajó confessou: “No fundo é uma história de amor, não de um amor à primeira vista mas daqueles que ficam, eu não nasci serrano, mas vou morrer serrano porque adoro estes jogadores e estas gentes.”

Para o presidente do clube “esta vitória é muito saborosa e sobretudo merecida”.

Numa associação que se pauta pela “identificação, bairrismo e familiaridade entre a equipa e os adeptos”, Amândio Santos garantiu que “este tipo de equipa é para manter nem que para isso se abdique de alguns resultados desportivos”. No entanto, teme que “a subida de divisão seja um presente envenenado como tem sido para tantos clubes” porque “as despesas disparam brutalmente com taxas de jogo, inscrição de jogadores e policiamento”.

Com a Super Taça na agenda, a União Desportiva da Serra está a fechar uma “época de ouro e em pleno”, com a conquista da 1.ª divisão distrital de futsal, o título de campeã nacional de sub-15 em andebol feminino e esta a vitória da divisão de honra em futebol.